
Praia do Lido, Mogadíscio, Somália
UN Photo/Stuart Price
É considerado dos países mais perigosos do Mundo e é destino desaconselhado pelos Governos ocidentais. Não obstante, multiplica turistas: eis a Somália.
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Mais de dez mil turistas entraram na Somália em 2024, o que representa um aumento de 50% face ao ano anterior, segundo dados fo Departamemto de Turismo somali, citados na imprensa internacional.
Trata-se de um crescimento de procura próximo dos 150% relativamente ao período pré-pandemia. Um sucesso, no mínimo, difícil de explicar.
A Somália continua a ser um enorme risco terrorista, com as milícias al-Shabab ainda muito presentes em várias zonas do país, apesar de haver partes da capital, Mogadíscio, consideradas livres da presença do grupo terrorista. Ainda assim, há registos de ataques na capital no início deste ano.
Ataques terroristas a locais frequentados por estrangeiros, raptos, pirataria, saúde, instabilidade social, crime e falta de apoio consular são as razões que justificam os avisos emitidos pelos governos ocidentais. O ReinoUnido alerta para o "elevaod risco de rapto", os EUA colocam o país no nível 4 de destinos - "Não viaje" - e Portugal desaconselha "totalmente" as deslocações àquela nação do Corno de África.
O farol al-Munaara, abandonado, foi construído na era colonial italiana em Mogadíscio e é alvo de um projeto da Unesco (UN Photo/Stuart Price
"Os ataques terriroristas continuam a ocorrer tanto em Mogadíscio como no resto do território. Estes ataques, que são indiscriminados, podem visar locais muito frequentados, particularmente por estrangeiros, ou eventos com notoriedade, incluindo eventos públicos. Os hóteis também são alvos considerados pelos terroristas.
Verifica-se também uma ameaça elevada de crime marítimo, tanto em águas territoriais como internacionais", avisa o Ministério dos Negócios Estrangeiros, numa nota atualizada em outubro deste ano. E que deixa um alerta: "Não existe representação consular nacional pelo que nenhuma forma de protecção consular poderá ser assegurada em caso de necessidade".
Praia do Lido, Mogadíscio (UN Photo/Tobin Jones)
Indiferentes aos avisos, os turistas apreciadores do extremo multiplicam-se. James Willcox, fundador da agência de aventura britânica Untamed Brothers, contou à CNN ter organizado 13 viagens à Somália só este ano. Em 2023, foram apenas duas. E justifica a procura com dois motivos: clientes que gostam de somar países no passaporte e clientes que procuram destinos extremos. Admite, a Somália é o mais extremo de todo o portefólio da agência, que também leva grupos ao Afeganistão, à Líbia ou ao Sudão.
Atento a atração que o país exerce em círculos restritos, o governo somali lançou um sistema de visto eletrónico para facilitar as entradas no país e tentar projetar um semblante de estabilidade num destino xde praias de águas paradisíacas e algum património histórico. Isto num país que soma 3,5 milhões de deslocados internos, segundo o ACNUR.

