
Espanha quer conquistar Portugal pela via gastronómica
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Lanzarote, Gran Canária, Burgos, Cambrils e Dénia querem conquistar Portugal pela boca. E vieram mostrar isso mesmo em mais uma edição do Saborea España (Saboreia Espanha), que este ano decorreu no World of Wine, em Vila Nova de Gaia.
O chef Rayco Arbelo trouxe da vulcânica Lanzarote, casa do escritor José Saramago (1922-2010) nas últimas décadas de vida, uma experiência de molhos vários e diferentes. Naquele pedaço escuro arquipélago das Canárias, salientam-se as tapas, sobretudo os salazones em tempura em molho fervido, batatas de Los Valles e milho, acompanhadas por vinho local El Grifo, produzido em terreno de cinzas.
Como referiu Raul Castro Cano, conselheiro do Turismo de Espanha em Portugal, "ali plantam-se videiras no meio de um vulcão", além de nascerem produtos agrícolas (e outros, como melancia e melão) de um sistema de tal forma inovador que foi considerado pela ONU Património Agrícola Mundial".
Continuando pelo arquipélago, da Gran Canária veio o chef Kilian Nordelo ensinar a cozinhar um "escaldón de gofio", prato tradicional em que ao gofio (uma farinha moída) é acrescentado um caldo de carne, de peixe ou de vegetais, dando-lhe uma consistência muito própria e aconchegante.
Pode ser antecipado por uma tapa de queijo da ilha intercalada com um vinho Mondalón branco, antes de experimentar um o Ron Miel Guanche, um rum que é surpresa da Gran Canaria, como a sua cidra de maçã.
Das ilhas para o território continental espanhol, parar em Burgos, para além de uma visita à imponente catedral do século XIII, é pretexto para provar a suculenta morcela da região, feita de arroz, cebola, sangue de porco e pimentão, cujo sabor é promessa de paixão à primeira vista.
"Também não se pode esquecer o calor das sopas de Burgos e a Rota do Queijo", aconselha o chef Luis Eduardo Calojero.
Mais a sul, na catalã Cambrils, a capital gastronómica da Costa Dourada onde reinam o marisco e o peixe fresco e ao azeitem chamam de "sumo de oliveira", o molho romesco é igualmente referência.
Basta juntar azeite, dois dentes de alho, um pouco de pimentão, vinagre de vinho tinto, sal e amêndoas. E a magia faz-se. Palavra do chef Xavier Marti, que também sugere experimentar um polvo cozinhado com panceta, tupinambo (um tubérculo e romesco prometedor de sensação diferenciada.
Continuando pela costa mediterrânica, a derradeira paragem é em Dénia, na Comunidade Valenciana, terra de mar quente onde o "polvo à chama" é chamariz para sentar à mesa. Pode ser desfrutado com um tradicional moscatel Les Freses ou um branco doce Dolç.
