A erupção do Grimsvotn cessou, cerca das 4 horas da madrugada de quarta-feira. A nuvem de cinzas do maior vulcão islandês em actividade ainda causa constrangimentos ao tráfego aéreo.
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A erupção do Grimsvotn cessou esta madrugada, noticia a Reuters, citando um responsável da meteorologia britânica. O maior vulcão islandês emite, agora, apenas vapor de água e começam a dissipar-se os constrangimentos causados pela nuvem de cinza, que esta madrugada motivou o fecho de vários aeroportos na Alemanha.
A nuvem de cinzas libertada pela erupção do vulcão Grimsvötn era esperada, depois do fenómeno idêntico em 2010, e é expectável que volte a acontecer, mas com menos intensidade, explicou, quarta-feira, o vulcanólogo Vítor Hugo Forjaz.
Em declarações à Agência Lusa, o responsável pelo Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA) adiantou que o fenómeno natural provocado pelo vulcão Grimsvötn "é semelhante" ao que ocorreu no ano passado num vulcão do glaciar Eyjafjllajokull, mas "mais atenuado porque há menos gelo, há menos água, há menos explosividade".
Vítor Hugo Forjaz adiantou que o OVGA faz controlos de quatro em quatro horas da nuvem de cinzas, porque "tem ligações a quase todos os vulcões do mundo e três deles fazem parte da rotina".
"Esta reactivação já estava a ser aguardada há muito tempo, isto não é novidade. Estamos num mês de maio frio, já devia ter existido o degelo, mas ainda não houve o degelo total e, portanto, o vulcão surgiu mais cedo do que o previsto, mas o que é o atraso de um mês em geologia? Não é nada", disse.
Nesse sentido, garantiu o vulcanólogo da Universidade dos Açores, os "colegas da Islândia já estavam aguardando este evento, este acontecimento, e eles tomaram medidas bastante rigorosas".
Vítor Forjaz acrescentou que, depois de ter começado, a nuvem "teve um percurso vertical, depois espalhou-se em cogumelo e, por fim, atingiu a estratosfera, que fica por volta dos 11 mil metros de altitude".
O vulcanólogo ressalvou que este tipo de cálculo é "sempre probabilístico", porque a "vulcanologia faz parte das ciências da natureza e a natureza tem repentes e imprevistos".
Tal como esta nuvem era expectável, também "é expectável que volte a acontecer, mas não com as dimensões do anterior".
"Vai afectar menos zonas, menos área, menos voos e, por outro lado, como tem um percurso mais concentrado, vai permitir desvios mais para norte ou mais para leste. Vai poder-se alcançar Reiquiavique, o aeroporto da capital [da Islândia], através de rotas que no anterior eram praticamente impossíveis", explicou Vítor Forjaz.
No que diz respeito ao território português, o vulcanólogo admitiu que há a possibilidade de esta nuvem de cinzas chegar aos Açores "se se mantiver este frio e este vento norte que tem sido constante nas últimas semanas".
"A preocupação é só com a aviação civil, porque tem regras de segurança muito diferentes dos outros tipos de navegação. Não é uma situação que se possa chamar de preocupante como a anterior. Nisso todos concordamos", rematou.
O vulcão Grimsvötn entrou em erupção no dia 22 de Maio, domingo.
Localizado no glaciar Vatnajokull, o vulcão Grimsvötn registou as maiores erupções em 1922, 1933, 1934, 1938, 1945, 1954, 1983, 1998 e em 2004, sendo que a maioria das erupções prolongava-se entre uma a três semanas.
No ano passado, a nuvem de fumo e cinzas do vulcão no glaciar Eyjafjallajokul levou ao encerramento do espaço aéreo europeu durante cinco dias e afectou milhões de passageiros.
