A escritora JK Rowling, Mikhaïl Gorbatchev, Fidel Castro ou o Papa: em 140 carateres, Tommasso Debenedetti matou-os a todos através de tweets falsos destinados, diz o próprio, a denunciar as "falhas" dos media e "a fragilidade das redes sociais". A última vítima deste italiano, que se diz professor de literatura em Roma, foi a autora da saga Harry Potter.
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Tommasso Debenedetti criou na semana passada uma falsa conta no Twitter em nome do escritor John Le Carré. "Quando me apercebi que esta tinha 2500 seguidores, entre os quais jornalistas de grandes títulos britânicos, americanos e alemães, decidi fazer com que John Le Carré dissesse que JK Rowling tinha morrido num acidente"", explica o italiano em declarações à agência France Press.
Segundo ele, a mensagem foi replicada centenas de vezes e uma televisão chilena chegou mesmo a anunciar a morte da escritora.
Qual o objectivo da manobra? "Mostrar que o Twitter se tornou uma agência de comunicação... e a menos fiável do mundo", acrescenta.
"Infelizmente, o jornalismo funciona em velocidade. Uma falsa informação replica-se exponencialmente e quando, por exemplo, um jornalista do "New York Times" "retwitta" uma mensagem dá-lhe credibilidade mesmo que não a venha a publicar. No fim, toda a agente esquece a fonte original", argumenta Tommasso Debenedetti.
A falsa morte de JK Rowling ficou longe de ser um ensaio. Em sequência dos seus tweets, dezenas de personalidades conhecidas já foram dadas como mortas, já que, explica Tommmasso, "o Twitter funciona muito bem com a morte".
Por causa desses tweets, o porta-voz do Vaticano foi obrigado a desmentir a morte de Bento XVI na sequência de uma mensagem falsa atribuída ao cardeal Tarcisio Bertone, o número dois da Santa Sé. Também alterou os preços de petróleo nos mercados internacionais com a falsa morte do presidente Assad e levou à atualização da página dedicada a Gorbatchev na Wikipedia com a indicação da respetiva data da morte.
Estes jogos, ou "piadas" como lhes chama, não prejudicam gravemente as vítimas? Debenedetti defende-se: "Não faço isso senão com personalidades de primeiro plano que levam a que tudo seja desmentido muito rapidamente. Jamais anunciarei a morte de um escritor de segundo plano ou da minha vizinha".
Tommasso Debenedetti afirma ainda que desmente sempre no espaço de uma hora a primeira mensagem. "Não sou um escroque", explica. "Eu pretendo demonstrar a fragilidade das redes sociais onde qualquer um pode ser não importa quem. Este é um perigo enorme que eu pretendo denunciar", insiste, convidando os jornalistas a serem "mais prudentes, a procederem a todas as verificações necessárias, sobretudo no casos dos pequenos media, das pequenas rádios ou páginas Internet que caem mais facilmente na armadilha".