O porta-voz do da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Morujão, defendeu esta terça-feira em Fátima que a Igreja Católica precisa de mais apoio do Governo para garantir ajuda às pessoas na atual crise.
Corpo do artigo
No final do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que esta terça-feira reuniu em Fátima, o padre recordou o caso denunciado pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP), cujo presidente acusou recentemente o Ministério da Saúde de não honrar as suas obrigações e admitiu existirem instituições em situação de rutura e com salários em atraso.
"As Misericórdias estão a ter graves dificuldades em responder - nas suas obras sociais - às pessoas que lhe batem à porta porque não têm chegado as verbas prometidas pelo Estado. Não vemos aí má vontade, mas queremos uma vontade mais cooperante para que a Igreja possa responder a essas urgências sociais", afirmou Manuel Morujão.
O porta-voz da CEP sublinhou que "o Estado terá de olhar para aqueles que estão no terreno, próximo das pessoas, a ajudar a ultrapassar a crise", desejando que o Governo "ponha em prática a boa vontade manifestada".
O padre aproveitou para dizer que "a crise tem credibilizado a Igreja pelas suas múltiplas instituições sociais" precisamente porque "tem estado perto daqueles que precisam".
Na conferência após a reunião do Conselho Permanente da CEP, Manuel Morujão revelou ainda que foi criada uma comissão que irá contar com a contribuição de sociólogos para analisar mais profundamente o inquérito sobre o perfil religioso do português, realizado recentemente pela Universidade Católica Portuguesa, a pedido da Igreja.
O estudo, que pretende perceber como é que os portugueses se situam perante o fenómeno religioso, revelou que, nos últimos onze anos, os católicos diminuíram 7,4%, passando de 86,9% da população para 79,5%.
A existência de menos praticantes é um desafio para a Igreja agir e para adaptar a sua forma de comunicar, sustentou Manuel Morujão, frisando que a criação desta comissão espelha a atitude da Igreja Católica de "não cruzar os braços".