Quando se entra no Proua, no rés-do-chão do edifício onde em cima funciona o Stramuntana, o azul-petróleo nas paredes e as redes de pesca remetem logo para o conceito da casa: os produtos do mar.
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Fernando Araújo e Lídia Brás, que gerem o restaurante Stramuntana, tinham já há algum tempo parado o espaço onde agora é o Proua. Foi ali que começou a história do Stramuntana, depois de um breve início em Ermesinde, pois o piso superior esteve um ano e meio em obras, explica Fernando. Começaram a funcionar como Stramuntana-Soto Antigo. "Na aldeia da Lídia [Estevais, Mogadouro], o soto era café, restaurante e onde se vendia de tudo", diz. E era um pouco o que ali faziam. Quando finalmente o espaço ficou pronto, deu-se a pandemia, por isso, o Stramuntana só abriu em junho de 2020.
Por algum tempo, continuaram a funcionar os dois espaços, mas depois, optaram por fechar o soto. Recentemente, começaram a pensar em alternativas. "Ponderamos abrir uma pizaria, mas faltava-nos experiência e conhecimento", admite. Decidiu, então, apostar em algo que gosta e sabe: pôr os clientes a petiscar mariscos ao balcão.
"O conceito de comer ao balcão foi-se perdendo em Portugal desde os anos 2000, e agora está a reaparecer. E eu gosto de estar atrás do balcão, em contacto direto, a falar com o cliente. E acaba por ser uma mesa comunitária, as pessoas conversam umas com as outras e até se criam amizades improváveis." O marisco é outra das paixões de Fernando Araújo. Remete para as escapadinhas que fazia com Lídia à Galiza. E a carta reflete algo dessas viagens. Há, por exemplo, polvo que é "tipo à galega", mas diferente, porque o deles "vai à brasa".
Quanto aos mariscos, o mais importante é a frescura e a qualidade da matéria-prima. "É o melhor produto que existe na costa portuguesa e tudo aqui está vivo. Só trabalhamos com empresas que respeitam o defeso, que seguem as regras.". Há amêijoas à Bulhão "pateco", porque a receita, diferente da original "à Pato", leva vinho, e eles não querem problemas com os puristas. O mexilhão é cozido na hora num molho de tomatada e o lingueirão é grelhado na brasa, tal como o carabineiro. "Trabalhamos apenas brasa e sautés", refere. De resto, há petiscos como o rissol da Maria da Luz, receita da mãe de Fernando, e o rissol da madrinha (de marisco), referência a Lídia que dá uma perninha no Proua nos tempos livres do Stramuntana. Para terminar a petiscada, sugere-se sempre um prego no pão, de bife de lombo, para manter a tradição das marisqueiras.
Apesar de ter pouco mais de um mês, o Proua já é um sucesso. "Ao fim da noite, vêm cá muitos chefs de cozinha petiscar e descontrair depois de um dia de trabalho. Tornou-se um ponto de encontro."
Proua
Rua Soares dos Reis, 901, Vila Nova de GaiaTel.: 937 933 964
Web: instagram.com/proua.gaiaDas 15h às 24h, de quinta a segunda-feira. Quarta-feira abre às 18h. Encerra à terça.
Preços: polvo à Proua - 12 euros, mexilhão de tomatada, 10 euros, carabineiro à Proua 24 euros, prego em pão (lombo), 12 euros