Rui Rio acusou Mário Centeno de baixar o nível na corrida às legislativas, defendendo que teve uma "intervenção desastrosa" nas últimas duas semanas, perante as mais recentes declarações do ministro das Finanças. O líder do PSD defendeu também que o tipo de campanha que levou a cabo, sem jantares-comício, pode vir a ser um molde a inspirar os outros partidos.
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O líder do PSD apontou, esta sexta-feira, que "Mário Centeno teve uma intervenção desastrosa ao longo de toda a campanha", começando logo quando "veio criticar" os números do cenário macroeconómico do PSD.
A reação de Rui Rio surgiu horas depois de o ministro das Finanças, e candidato do PS em Lisboa, ter comparado o líder do PSD a um "comerciante sem escrúpulos".
"Acho que ontem baixou demasiadamente o nível. Pode saber fazer umas contas, mas demonstra falta de capacidade para a política", acusou, antes de um almoço no Parque Mayer, em Lisboa, com militantes e apoiantes, onde se contam a cantora Ágata e a atriz Vera Mónica. "Não há necessidade de partir para o insulto, principalmente do lado dele", considerou,
Rio lamentou que Centeno tenha mudado de opinião em poucas semanas em relação aos números propostos pelo PSD para o país.
"Fizemos um quadro macroeconómico com base naquilo que são as projeções do Conselho de Finanças Públicas, que é absolutamente isento. Fizemos uma coisa prudente. O próprio Mário Centeno, pouco tempo depois de apresentarmos o quadro, disse que as nossas projeções eram prudentes. São prudentes, mas com ambição", disse.
No último dia de campanha, que começou com uma arruada em Alvalade e que está a contar com vários críticos internos ao lado de Rio, entre eles Pedro Pinto, o presidente da Distrital do PSD, o presidente laranja acrescentou ainda houve "um momento ou outro com menos nível, como foi este de Mário Centeno".
O dia vai acabar com uma arruada no Chiado, seguida de uma curta intervenção no Largo do Carmo, que substitui o comício que estava previsto. Aliás, a campanha do PSD pautou-se pelos poucos comícios, que foram substituídos por encontros com poucas pessoas em vários distritos, por decisão do líder - que considera que os outros partidos, em futuras idas às urnas, poderão inspirar-se no molde concebido.
"Apostamos em fazer uma campanha diferente. Não ia fazer uma revolução, ia fazer uma coisa completamente diferente, uma reforma. E fiz. [Quanto] a jantares-comício, que é uma coisa que particularmente não gosto, cedi e houve um, em Viseu, e depois um arraial minhoto, uma coisa típica da região [de Braga]".
"Vai ser possível da próxima vez, seguramente, qualquer partido, que se queira inspirar nisto, fazer melhor. Acho que conseguimos evitar aquilo que é descredibilizador: jantares comícios todos os dias, em que estamos aos gritos e temos dois públicos completamente distintos - um que são as pessoas que estão à nossa frente e para quem temos de berrar para puxar pelas pessoas, e outro que é comunicação social", disse, admitindo, em jeito de balanço, que houve "uma subida muito grande da simpatia e do apoio ao PSD". "Isso está completamente conseguido", concluiu.
Tal como na quinta-feira à noite, num comício no Porto, Rui voltou a lançar um apelo aos abstencionistas, alertando para o risco de uma vitória do PS traduzir-se num novo mandato da gerigonça.