Festival gratuito de três dias arranca esta sexta-feira. Marcelo D2, Fatoumata Diawara e Dino D’Santiago em destaque no cartaz.
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O bom filho à casa torna - ou, pelo menos, é isso que se espera que os amarantinos pensem por estes dias acerca do retorno à cidade do seu festival de verão. Cinco anos depois, o Mimo Amarante está de regresso às margens do Tâmega - dois anos depois da última e única edição no Porto.
O festival dura três dias, entre sexta e domingo, é gratuito, e mantém a diversidade de géneros musicais como bandeira.
É incontestável assinalar Marcelo D2 como um dos destaques. O artista brasileiro chega a Amarante para mostrar mais do que a vertente musical. Além de ser o convidado da conversa de abertura - hoje às 17 horas -, tem ainda presença permanente no certame com a exposição e a complementar exibição do filme “Iboru”, que conta também com um álbum.
Festival polivalente
Para Lu Araújo, diretora do Mimo, há ainda a sublinhar a presença de Fatoumata Diawara e de Dino D’Santiago. “Os cabeças de cartaz são artistas que estão agora em momentos altos da carreira e é um orgulho poder contar com eles em fases tão brilhantes e produtivas”, diz.
A expectativa é elevada: “Estão a arrasar em todos os festivais por onde passam. Esperamos ter três grandes dias de concertos em Amarante”, remata.
Há muito mais do que música. Ao todo, serão 57 atividades em três dias, espalhadas por cinco diferentes locais de Amarante. Quanto a novidades, Lu Araújo destaca a própria cidade. “Cinco anos depois, vamos encontrar Amarante diferente, não só com um novo cineteatro, mas com uma nova vivência”.
O festival permitirá ainda a pré-estreia do MIMAR - Museu da Identidade e Memória de Amarante, com inauguração prevista para 2025, realizando-se um concerto neste espaço.
A diretora espera que o Mimo seja “tão bem acolhido como foi nas cinco edições anteriores”. E diz esperar “pelo menos 80 mil pessoas, os mesmos visitantes de 2019”. Lu Araújo diz-se “curiosa e ansiosa”: em Amarante e nas imediações, “o alojamento está perto de esgotar”.
O Mimo foi criado em 2004 no Brasil e teve a sua primeira edição em Portugal em 2016, realizada em Amarante até 2019. Entre a saída da cidade e a edição de 2022 no Porto, a organização tem tido desentendimentos com as autarquias locais (ler ao lado), que não deixam, ainda, traçar um futuro certo para a marca em território português.
Futuro não está garantido
Depois de quatro anos em reboliço, a única garantia é que em 2025 o Mimo voltará a Amarante. E depois? Ninguém sabe.
Questionada sobre a continuidade do festival na cidade amarantina, a programadora brasileira Lu Araújo, diretora do certame, diz ser sua vontade que assim se mantenha, “não dependendo apenas da organização do festival”, disse ao JN. A responsável deixa “a bola do lado da autarquia”.
A certeza de mais uma edição, em 2025, é consequência de uma decisão judicial, resultando de um processo instigado pela própria organização contra a Câmara de Amarante.
Em 2020, o executivo local cessou o contrato de pagamento existente para mais uma edição do festival, alegando a impossibilidade de o realizar devido à pandemia de covid-19.
No ano passado, a contenda ficou resolvida, tendo sido emitido um comunicado conjunto dando conta da presente edição - uma exigência judicial que ditou que a autarquia realizasse agora as duas edições então canceladas e já contratadas: 2024 e 2025.
Porto não quis mais
Estas não foram as únicas quezílias do Mimo com autarquias nos últimos cinco anos. Após o desentendimento com a câmara amarantina, o festival realizou a edição de 2022 (o regresso após a pandemia) no Porto, com o apoio do executivo da Invicta.
Em 2023, uma troca de acusações entre Rui Moreira e a organização liderada por Lu Araújo fez transparecer divergências quanto ao sucesso do evento na cidade, com Moreira a garantir que o MImo não voltaria ao Porto.