Mais de 78 mil novos casos de diabetes foram registados nos centros de saúde no ano passado, elevando para mais 883 mil o número de pessoas que sofrem com a doença. A despesa com medicamentos e internamentos também aumentou. Em 2021, o Estado gastou 532,2 milhões euros com fármacos para a diabetes e hospitalizações.
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Os dados constam no relatório “Programa Nacional para a Diabetes: Desafios e Estratégias 2023”, que será apresentado esta terça-feira pela Direção-Geral de Saúde (DGS).
De acordo com o documento, em 2022, havia 883 074 pessoas registadas com diabetes. Trata-se de 8,4% do total de utentes inscritos nos Cuidados de Saúde Primários. Olhando para os dados por região, a proporção de pessoas com registo de diabetes varia entre 7,2% na zona do Algarve e 9,9% no Alentejo. "Verifica-se um número crescente de pessoas identificadas com diabetes, quer em número absoluto, quer em termos percentuais", lê-se no documento.
Também os encargos com medicamentos, com dispositivos para o tratamento e monitorização da diabetes e com internamentos hospitalares têm aumentado nos últimos anos. No total, em 2021, foram gastos 532,2 milhões de euros: 498,5 milhões com fármacos e 3,7 milhões de euros com hospitalizações (contabilizados os casos em que os doentes tinham a diabetes como principal diagnóstico). Representa um aumento de 45% no valor gasto face a 2017.
Os medicamentos foram, assim, responsáveis 79% dos encargos. Já os internamentos hospitalares representaram cerca de 6% dos gastos. É expectável, segundo a DGS, "que nos próximos anos os custos com medicamentos e dispositivos continuem a aumentar significativamente".
"O consumo e os custos da medicação para a diabetes mantiveram uma tendência crescente em 2022. Este aumento deve-se sobretudo ao aumento do número de pessoas com diabetes diagnosticada e tratada, bem como à utilização de fármacos mais recentes", refere a DGS.
No que toca a óbitos, em 2021, a diabetes foi responsável por 3 474 mortes. Cerca de uma em cada dez ocorreram em pessoas com menos de 70 anos, sendo que a taxa de mortalidade atribuída à doença "tem vindo gradualmente a diminuir desde 2017".
Entre 2020 e 2022, cerca de 2,76 milhões de utentes realizaram a avaliação de risco para a diabetes tipo 2. Corresponde, no total, a 46% da população alvo e a mais 325 402 pessoas com avaliação de risco realizada face a 2021. Outro dos rastreios implementados em Portugal é o rastreio da retinopatia diabética.
No ano passado, o rastreio foi implementado em 93% dos Agrupamentos de Centro de Saúde. Entre os utentes elegíveis para o exame, foram convidados 372 484. É o equivalente a 45% da população elegível. Acabaram por ser rastreados 237 487 utentes, correspondendo a uma taxa de adesão de cerca de 64% (menos um ponto percentual face a 2021). O exame foi positivo em 3,5% dos casos.
"Quanto à evolução da cobertura do rastreio da retinopatia diabética, verificamos que a taxa de adesão e a taxa de rastreio populacional têm vindo a aumentar após a quebra verificada durante a pandemia de covid-19", lê-se no relatório da DGS.