A associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso acusa a GNR de “atuação parcial” e de só ir ao local “para defender os interesses” da Savannah Resources. Guarda nega e diz que apenas faz cumprir a lei e não toma partido.
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A associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) denunciou a "atuação parcial da GNR que continua a vir ao terreno apenas para defender os interesses da empresa Savannah Resources". Em comunicado, dizem que funcionários da empresa de exploração mineira invadiram um terreno privado, acompanhados pela Guarda, para retirar um reboque.
"Após várias tentativas frustradas por parte da GNR de coagir o proprietário a retirar o reboque", que impedia a passagem de máquinas, a Guarda agiu "às escondidas", denuncia a UDCB, apontando episódios anteriores. O primeiro na segunda-feira, dia 14, que juntou a aldeia no terreno em causa, e outro na quarta-feira, dia 16. Antes, a 11 de abril, um outro cidadão “foi aconselhado a não se opor à retirada de um reboque sob pena de detenção”, dizem.
Segundo a UDCB, “os dois proprietários em questão nunca foram notificados no âmbito da servidão administrativa” e as propriedades “não aparecem na lista que consta do despacho ministerial de 6 de dezembro” que permitiu à “Savannah” entrar em vários terrenos para fazer prospeções de lítio. "A sua titularidade sobre os terrenos foi simplesmente ignorada por um ato administrativo apressado e que vulnera os direitos das populações de Covas do Barroso e Romainho, já cansadas de tantos atropelos", lê-se no comunicado.
Guarda nega acusação de parcialidade
Contactada pelo JN, fonte das Relações Públicas da GNR disse não ter conhecimento concreto desta ação, denunciada num comunicado às redações na madrugada de sexta-feira. “Se aconteceu, é com base legal”, disse. Garantindo que a GNR “é imparcial e faz cumprir a lei, não está de um lado ou outro”, asseverou que cumpre o que está no despacho ministerial.
Recordando o episódio de 11 de abril, mencionado pela UDCB, a GNR disse que "estando em terreno de servidão administrativa, a Guarda tem legitimidade" para tirar o reboque "se o proprietário não o tirar de livre e espontânea vontade". Traçando um paralelo, com a situação de 11 de abril, e sem informação concreta sobre esta denúncia da UDCB, a Guarda disse que "se porventura aconteceu, é com a mesma legitimidade" da vez anterior.
"Somos imparciais e fazemos cumprir a lei", disse a GNR, asseverando que está apenas a "fazer cumprir a servidão administrativa, não pondo de lado a empresa ou a população". A Guarda está "apenas cumprir o que foi decidido a nível ministerial", acrescentou.