Mulheres na Guiné-Bissau atacaram, este domingo, uma instalação mineira de areias pesadas gerida por chineses no noroeste do país, ateando fogo ao equipamento, disseram o ministro do Interior e testemunhas à AFP.
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Ums manifestante disse à AFP que agiu depois de as autoridades não terem respondido às suas queixas de que a atividade estava a danificar as suas explorações agrícolas e a arruinar o ambiente local.
Várias mulheres e um líder de aldeia foram detidos após o protesto em Nhiquin, perto da cidade turística de Valera, não muito longe da fronteira com o Senegal, disseram testemunhas à AFP, acrescentando que centenas de mulheres estiveram envolvidas no protesto no local, onde as empresas chinesas trabalham desde 2022.
"Todas as instalações foram incendiadas", disse o ministro do Interior, Botche Cande, aos jornalistas após visitar o local, sem especificar exatamente o que tinha sido destruído. "Quando o Estado se esforça por encontrar parceiros, ninguém tem o direito de destruir a sua propriedade".
Cande disse ainda que iria enviar mais guardas para o local para garantir a sua segurança durante a reconstrução. As mulheres fugiram e abrigaram-se na floresta, acrescentou. "Devem ser seguidas e presas. É inaceitável que as pessoas façam tais coisas e tudo continue como se nada tivesse acontecido", comentou.
Campos de arroz "destruídos"
Edmundo Infanda, vice-presidente de Suzana, que abrange Nhiquin, disse que muitas mulheres participaram no protesto e a polícia local não conseguiu impedir a manifestação.
"Dissemos-lhes que não queríamos que a areia fosse extraída sem o nosso consentimento. Todos os nossos arrozais estão destruídos. Já não há peixes no pequeno rio perto do local", disse uma das mulheres que participou no protesto, Aissato Cadjaf, à AFP.
O zircão é utilizado na cerâmica e na indústria da construção.
A Guiné-Bissau está classificada em 179.º lugar entre 193 no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Cerca de um quarto dos seus cidadãos vivia com menos de 1,90 dólares (1,70 euros) por dia, de acordo com os últimos dados do Banco Mundial. A pobreza e a instabilidade política fizeram do país da África Ocidental um alvo para os traficantes de droga, que o utilizam como território de trânsito para transportar cocaína da América Latina para a Europa.