O violento incêndio que devorou um prédio de 14 andares em Valência, Espanha, esta quinta-feira, causando a morte de pelo menos quatro pessoas, deixou a descoberto uma ameaça esquecida, o poliuretano - um material altamente inflamável, que revestia o edifício.
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Usado há mais de 80 anos, quando Otto Bayer registou a sua patente, em 1937, a utilização do poliuretano em edifícios urbanos popularizou-se nos anos 1990, desde a construção até diversas indústrias.
O poliuretano é utilizado em construção pela sua alta capacidade de isolamento térmico, fundamental para a poupança energética, como afirma a Associação da Indústria de Poliuretano Rígido, em Espanha.
A vice-presidente do Colégio dos Engenheiros de Valência (Cogitival), Esther Puchades, confirmou a existência deste material no edifício de 14 andares afetado pelas chamas na cidade do sul de Espanha. O facto de o poliuretano ser altamente inflamável e de existir vento terão sido as razões essenciais para a rápida propagação das chamas. O incêndio causou pelo menos quatro mortos e há, de acordo com as autoridades, nove a 15 pessoas ainda desaparecidas.
O poliuretano encontra-se não só em edifícios como em produtos do nosso dia a dia, como colchões, carros, etc. O facto de poder adotar diferentes formas e densidades tornam-no num produto muito procurado pela indústria. A versão de espuma de poliuretano, por exemplo, frequentemente utilizada em embalagens, liberta fumos potencialmente tóxicos quando arde.
Quando se construiu o edifício afetado pelas chamas em Valência, em 2005, a fama negativa deste material ainda não era tão conhecida, aponta o jornal "La Vanguardia", dando conta que não há um levantamento feito sobre quantos ou quais os edifícios que estão revestidos com este material.
Esther Puchades apontou ao canal À Punt que a tragédia de Valência deverá servir como uma forma de adotar medidas mais seguras na construção, travando, com novas diretivas, a utilização de materiais inflamáveis e impulsionando a opção por fachadas arejadas, e barreiras de contra-fogo, para minimizar os riscos de um incêndio com proporções semelhantes.