Antes de morrer, numa conversa intimista com Ana Marques, em mais um programa "Alô Marco Paulo", na SIC, quando estava impedido de cantar por recomendação médica, o cantor de "Eu tenho dois amores" revelou que ia doar o seu património artístico a Mourão, a terra onde nasceu.
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Com o avançar dos anos e o somar de cancros contra os quais lutou durante quase trinta anos, Marco Paulo manifestou vontades, entre elas o destino do seu espólio, nomeadamente o património artístico.
“Isto já foi dado à minha Câmara Municipal, na minha terra. Eu doei para o museu em Mourão. Já está mais ou menos escolhido. Vai ser num lagar de azeite, porque Alentejo é azeite", revelou.
O artista adiantou ainda a ideia de a câmara local exibir os seus "melhores fatos de galas e concertos" que deu, ou seja, tudo o que reuniu durante o seu percurso, num museu.
Garantiu ainda que o lucro da exposição reverterão a favor de crianças da região que "nunca sabem tratarem-se, o que é um médico, o que é um hospital". "E é para essas crianças que eu vou doar tudo aquilo que for entregue, os bilhetes que compram para ver a minha exposição, na minha terra", acrescentou.
"Eu gostava que tivesse sido na casa onde eu nasci, mas eu não consigo adquirir a minha casa onde eu nasci", confessou, desiludido por o atual dono não querer vender o imóvel.
Esta quinta-feira, o presidente da câmara de Mourão, João Fortes, manifestou esta "estupefação" pela "triste notícia" da morte do cantor Marco Paulo,sublinhando que vai ser decretado um dia de luto municipal.
"Fomos esta quinta-feira confrontados com esta triste notícia do óbito de Marco Paulo" e "iremos decretar um dia de luto municipal", afirmou o autarca, em declarações à agência Lusa.
João Fortes confirmou que se reuniu com artista "há sensivelmente um ano", para que "ele cedesse parte do espólio artístico para que ficasse em plena exposição no concelho" que "ele adorava" e ao qual "se dedicou, particularmente quando superou a doença, pela primeira vez".
O palco escolhido seria a galeria municipal, propriedade da autarquia, perto da Praça da República, mas "infelizmente não houve avanços" do projeto, explicou. O presidente espera agora que este "espólio e acervo" de Marco Paulo "possa ainda vir ter até Mourão, para que, sem interrupções, durante 365 dias por ano, quem quer que visite a vila" possa testemunhar "a dedicação" do cantor "à música e à arte", no concelho que o viu nascer.