Uma equipa 46 estudantes do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) apresentou, esta quarta-feira, o primeiro carro 100% elétrico, com o qual vão competir em duas provas de engenharia automóvel universitária. Para o presidente do IPC, este é um projeto que faz pensar o ensino num formato diferente.
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"É um protótipo 100% elétrico, com o objetivo de ser o mais leve e o mais rápido", explica o estudante Vítor Simões, líder da equipa do IPC, sobre o protótipo de competição desenvolvido.
O veículo incorpora tecnologia de ponta, com a integração de células de lítio de elevada densidade energética e um motor elétrico de fluxo axial, o que permite uma maior eficiência e redução de peso. Com este carro, os estudantes vão competir na Formula Student Portugal e na Formula Student Barcelona, provas de engenharia automóvel universitária, abertas a nível mundial.
Segundo Vítor Simões, sendo este o primeiro carro, os estudantes tiveram uma abordagem "um pouco cautelosa", não estando a apontar para o limite. "Estamos a tentar fazer uma base segura que funcione para que estudantes, depois de nós, consigam desenvolver e consigam, talvez um dia, chegar ao topo do que é a Formula Student neste momento", assinala.
Expectativa conservadora
A prova de Formula Student Portugal realiza-se entre 27 de julho e 1 de agosto, enquanto a Formula Student Barcelona terá lugar entre 4 e 10 de agosto. Em termos de resultados, aponta Vítor Simões, a expectativa "é bastante conservadora". "O nosso objetivo, antes de qualquer resultado, é ter um protótipo 100% funcional. É passar em todas as inspeções técnicas. É garantir que tudo funciona como nós precisamos que ele funcione. Além disso, os resultados são os que virão com a participação. Sem problemas", afirma.
O veículo será conduzido por estudantes, sendo que, nas provas, não haverá carros em simultâneo em pista para "eliminar a possibilidade de haver qualquer tipo de acidente".
Além da avaliação em pista, o carro será também avaliado nas provas técnicas, nomeadamente a aplicação de certos conceitos. "Com essa justificação acabamos por aprender se o que fizemos foi correto ou não, o porquê, e o descobrir se há soluções melhores para aplicar em protótipos futuros", aponta Vítor Simões.
Três anos de trabalho
O projeto envolveu estudantes de nove cursos do IPC de áreas diversas como engenharia mecânica, eletrotécnica, eletrónica e informática, mas também marketing, economia ou gestão.
Tudo para fazer, segundo Vítor Simões, com que a equipa funcionasse "100% autonomamente, como se fosse uma empresa", dando aos estudantes a "aprendizagem do que vai ser o mundo profissional".
O carro foi desenvolvido "há aproximadamente três anos", tendo sido apadrinhado pelo piloto Filipe Albuquerque, de Coimbra, que contribuiu também com a sua experiência e conhecimento.
"Como piloto tem que se ter um bom conhecimento a nível de engenharia para dar feedback ao seu engenheiro e é um pouco disso que ele nos deu ao sentar-se no carro pela primeira vez e analisar uma ou duas coisas que para nós eram completamente novas. Ele soube dizer-nos 'isto não é a melhor solução' ou 'isto é capaz de nos dar problemas', destaca Vítor Simões, salientando que estas indicações foram "mesmo muito úteis".
Pensar o ensino noutro formato
O presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, Jorge Conde, destaca a vertente pedagógica do projeto. "Os estudantes em vez de estarem em sala de aulas estão em laboratório a aprender como é que se faz um carro elétrico e a perceberem todas as nuances desse saber. Simultaneamente é um projeto de investigação, de inovação e de desenvolvimento, porque eles vão criando soluções novas e tentando perceber, face aos outros projetos já existentes no mercado, como podem inovar e como podem ser melhores que os outros", acrescenta.
Segundo Jorge Conde, este projeto tem ainda uma ligação ao desporto, à sustentabilidade, ao marketing e à notoriedade da própria escola.
"É um projeto muito interessante porque nos mostra que podemos ensinar num outro formato e, eventualmente, pensar que este formato pode ser extensível a outras áreas da formação do próprio Politécnico", salienta.
Na área da mobilidade elétrica, Jorge Conde aponta que projeto será "o de maior dimensão" do IPC" e que a participação nas duas provas "vai permitir perceber o que está a ser feito" e o grau de desenvolvimento em que estão. "Também por isso, é importante para a escola perceber na próxima etapa, no próximo ano letivo, o que vai ser preciso fazer mais no desenvolvimento do protótipo", remata.