Hospital Santa Maria recebeu carta de neuropediatras sobre caso das gémeas brasileiras
O conselho de administração do Hospital Santa Maria confirmou, ao JN, que recebeu, este sábado, uma carta dos neuropediatras do hospital sobre o caso de duas bebés luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal que receberam o medicamento que custa perto de dois milhões de euros, alegadamente após "cunha" de Marcelo.
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"O Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte confirma a receção de uma carta dos neuropediatras do CHULN e que o caso seguirá a sua tramitação interna", confirma o hospital, numa nota entretanto enviada à imprensa, após a divulgação de uma reportagem na sexta-feira pela TVI.
Este sábado, em declarações aos jornalistas, o presidente da República garantiu que não falou com ninguém sobre o caso das duas bebés e ameaça agir judicialmente “se aparecer alguém” que diga o contrário. Afirmou ainda que "não se trata do dever da defesa da minha honra", mas sim "o dever da defesa do presidente da República".
Segundo uma reportagem da TVI, emitida na sexta-feira, as duas bebés que vivem no Brasil tiveram acesso ao medicamento, em junho de 2020, depois de a mãe, Daniela Martins, que é lusodescendente, ter pedido a nacionalidade portuguesa para as filhas. Ao mesmo canal, a mãe das bebés admitiu que “usou” os contactos da “nora do presidente”, que também vive no Brasil, e conhecia “o ministro da saúde” – na altura Marta Temido –, garantindo que terá sido enviado por Belém um email para o hospital, indiciando que os médicos terão recebido “ordens superiores” para avançar com o tratamento, que foi feito em 2020.
A convicção dos médicos do Santa Maria que falaram à reportagem da TVI é que as bebés só receberam o medicamento Zolgensma, avaliado em perto de dois milhões de euros, por influência do chefe de Estado. Na altura, terão enviado uma carta de repulsa pelo sucedido que desapareceu dos registos hospitalares, bem como o dossiê de admissão das crianças.
Este sábado, depois da reportagem da TVI, o CA confirmou que recebeu uma missiva dos neuropediatras, sendo que Ana Paula Martins, presidente do CA, tinha garantindo à TVI que caso essa carta lhe chegasse, abriria um inquérito interno para averiguar o que se passou.
Ao JN , a ex-ministra Marta Temido admite que teve conhecimento deste caso, mas negou qualquer envolvimento ou decisão no sentido de agilizar a que as duas meninas tivessem acesso ao medicamento.