O ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tornou-se esta sexta-feira inelegível para os próximos oito anos, no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Cinco dos sete juízes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil votaram para tornar Bolsonaro inelegível para os próximos oito anos. O antigo chefe de Estado era acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação após realizar uma reunião com embaixadores estrangeiros na residência oficial, em julho de 2022, quando atacou o sistema eleitoral e as urnas eletrónicas. O evento teve transmissão da estação de televisão pública e das redes sociais da Presidência.
A juíza Cármen Lúcia, a primeira a votar hoje, acompanhou o voto do relator, posicionando-se a favor da inelegibilidade de Bolsonaro – que teria uma “consciência de perverter”. “A reunião tratou e teve caráter eleitoreiro e, por isso mesmo, foi considerada propaganda eleitoral”, disse a magistrada, que reiterou que “não há democracia sem poder judiciário independente”.
Já o juiz Kassio Nunes Marques votou contra a condenação, argumentando que o antigo presidente “nem sempre” foi o “principal antagonista do sistema [eleitoral]”, mencionando antigos projetos pelo voto impresso, no Congresso. “Considero que a atuação de Bolsonaro não se voltou a obter vantagem sobre os demais contendores no pleito de 2022, tampouco faz parte de tentativa concreta de desacreditar o resultado da eleição”, acrescentou.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, votou também a favor da condenação de Bolsonaro, referindo uma "gravidade ímpar" no ocorrido. "Toda a produção foi feita para que a TV Brasil divulgasse e para que a máquina existente nas redes sociais multiplicasse a desinformação”, afirmou Moraes. Os ataques contra o sistema eleitoral "não são opiniões possíveis, são mentiras, notícias fraudulentas”, completou.
Ex-presidente fala em "facada nas costas"
Após saber que a maioria no TSE tinha votado pela inelegibilidade, Bolsonaro disse que sofreu um "massacre". "Não gostaria de ser inelegível, mas na política ninguém mata e morre. Aqui em Minas [Gerais], tomei uma facada na barriga, e hoje levei uma facada nas costas por suposto abuso de poder político", defendeu o ex-presidente, citado pelo jornal "O Globo". "No meu caso, me tiraram da Presidência e julgaram pelo conjunto da obra", acrescentou.