A polaca Julia Wandelt atraiu a atenção global no ano passado, ao afirmar que poderia ser Maddie, a menina inglesa que desapareceu em Portugal em 2007. Agora, diz que não quis magoar ninguém e que apenas queria saber quem realmente era.
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No ano passado, Julia Wandelt, uma jovem polaca de 22 anos, publicou pela primeira vez na sua conta do Instagram, uma mensagem a dizer que poderia ser Madeleine McCann, a criança britânica de três anos que desapareceu em 2007 no Algarve, onde passava férias. O mistério do seu desaparecimento, um dos mais famosos a nível mundial, nunca foi resolvido e a publicação de Julia incendiou a Internet.
Agora, a polaca veio a público pedir desculpa. “Nunca tive a intenção de magoar ninguém, incluindo os McCann. Eu realmente queria saber quem sou", disse, em declarações à BBC.
Pensava que tinha sido adotada
Isolada na escola e abusada sexualmente quando era criança, Julia começou a fazer terapia aos 20 anos e percebeu que lhe faltavam memórias de infância. A polaca começou a questionar-se se poderia ter sido adotada. A jovem pediu ajuda aos familiares para preencher as lacunas, mas a família rejeitou as suas preocupações e não respondeu às suas questões.
As suspeitas de Julia só aumentaram e, a certa altura, começou a questionar-se se teria sido raptada. Recorrendo à Internet, deparou-se com o caso de Maddie, que não conhecia por não ter sido muito noticiado na Polónia, segundo contou à BBC.
Ao ver os esboços referentes a potenciais suspeitos no caso da criança britânica, Julia pensou ter reconhecido um dos homens. “Eu conheço a aparência do meu agressor. E sei que é muito, muito parecido com os suspeitos da página da Madeleine McCann".
Semelhanças físicas com Maddie
Além da semelhança do agressor, Julia apercebeu-se que tinha algumas semelhanças físicas com Maddie. Tanto Julia como Madeleine têm coloboma na íris, uma anomalia ocular rara que afeta um em cada 10 mil bebés.
A polaca contactou as autoridades mas, não tendo sido levada a sério, criou uma página do Instagram, onde atraiu atenção global. Em março, foi convidada para participar no programa apresentado pelo psicólogo Dr. Phil.
Nessa mesma altura, Julia decidiu fazer um teste de ADN, que mostrou que era polaca, com alguma ascendência lituana e romena e, por isso, não poderia ser Maddie. ''Para nós, como família, é óbvio que Julia é a nossa filha, neta, irmã, sobrinha, prima e enteada. Temos memórias, temos fotos. Sempre tentámos entender todas as situações que aconteceram à Julia", disse a família, na época, em comunicado.
"Eu queria saber quem sou"
A polaca publicou um pedido desculpa à família McCann. “Pedi desculpas aos McCann porque não os conheço pessoalmente. Não sei se assistiram a esta jornada, se estavam tristes ou algo assim", disse Julia. "Eu não queria que eles se sentissem tristes. Eu queria saber quem sou e sabia que isso poderia deixá-los tristes".
Segundo a BBC, que contactou pessoas próximas dos McCann, a família está disposta a aceitar o pedido de desculpas de Julia e a perdoá-la pela situação.
Atualmente, Julia sente-se em paz com o que aconteceu. Quando começou a questionar a sua identidade, a polaca “sentia que não pertencia a este lugar”. Mas hoje “percebo que sou forte e sou uma lutadora e não sou uma pessoa fraca”.
Maddie desapareceu sem deixar rasto
Maddie desapareceu há 16 anos sem deixar rasto. O pesadelo começou na noite de 3 de maio de 2007, no interior de um apartamento turístico que os pais tinham alugado para gozar um período de férias, em Lagos, no Algarve.
Mais de 500 buscas e várias teorias depois, o mistério da britânica desaparecida continua por resolver.