A PSP e a GNR registaram mais de quatro mil casos de falso arrendamento desde 2023. As vítimas pagam antecipadamente por imóveis inexistentes.
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As burlas e as fraudes em alugueres de casas de férias estão cada vez mais sofisticadas e perigosas, alertam as autoridades, já que os métodos para concretizar os ilícitos são múltiplos e nem sempre são detetáveis. Desde 2023 e até 30 de junho deste ano, PSP e GNR detetaram 4237 falsos arrendamentos para férias. O fenómeno é nacional, mas os centros urbanos, com maior captação de turistas, são onde ocorrem a maioria dos crimes.
Entre 2023 e 30 de junho deste ano, a PSP registou 3801 casos de falso arrendamento para férias. No mesmo período, a GNR contabilizou 436 ilícitos, deteve 101 pessoas e identificou 311 suspeitos. Segundo os dados disponibilizados pelas duas autoridades ao JN, as burlas em casas de férias tiveram uma ligeira descida no ano passado face a 2023. Contudo, há a perceção de que o problema não está a abrandar, com cada vez mais pessoas a fazer reservas pelas redes sociais e a Internet.
“No universo de fraudes informáticas, as burlas em plataformas de alojamento online tornaram-se um problema crescente, cujo esquema fraudulento induz as vítimas a pagar antecipadamente por imóveis inexistentes ou já ocupados, acreditando estar a garantir uma reserva legítima”, aponta a PSP.
Evolução digital
À semelhança de outras burlas, a Polícia entende que a evolução digital levou a que estes ilícitos não sejam “facilmente detetáveis”, já que se caracterizam por “uma progressiva sofisticação e perigosidade”. Foi o caso de Desirêe Galvão, de 33 anos, burlada como consequência de um ataque informático à empresa de alojamento turístico, com a qual tinha efetuado uma reserva.
No primeiro semestre deste ano, a PSP recebeu 748 denúncias por falso arrendamento, mais 17% do que em igual período de 2024. Entre janeiro e junho, a GNR registou 44 burlas relacionadas com alugueres nas férias e deteve, este ano, 12 pessoas.
“Sobre a prática deste tipo de ilícito, não se verifica um modus operandi específico, uma vez que são múltiplas as formas utilizadas para a concretização do mesmo objetivo”, diz fonte da GNR. A autoridade aponta que, segundo as denúncias feitas entre 2023 e 30 de junho deste ano, a maioria dos casos ocorreu nos distritos de Faro (95), Porto (79) e Braga (70). Mas, “verifica-se que este fenómeno ocorre de forma dispersa em todo o território nacional”, acrescentam.
Reservas em plataformas
Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal, afirma que os casos de fraude em alugueres de casas para férias mostram o quão importante é reservar em alojamento local (AL) que está licenciado. “A primeira indicação que damos é consultar o número do registo do AL e fazer as reservas em plataformas oficiais de arrendamento e evitar os contactos diretos em grupos do Facebook”, exemplifica.
Para o responsável associativo, os consumidores “facilitam” porque consideram que a proposta de preço da reserva é “boa”, mas há sinais de burla mais detetáveis do que outros, como a recusa do anunciante em emitir fatura pela estadia. A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor – DECO confirma “receber anualmente várias denúncias sobre burlas na contratação de casa para férias” e pedidos de informação.
Instruída a pagar cauções por estadia em Cascais
Provas
Contactar o banco se houver problemas no pagamento e cancelar se verificar que há fraude. Guardar as trocas de mensagens e emails.