O F. C. Porto tem "um conjunto de fornecedores, agentes e clubes a quem deve dinheiro"
Depois de treinador/adepto, André Villas-Boas quer ser presidente/adepto e diz que “não há nada que iguale essas emoções”. As declarações do candidato à presidência do F. C. Porto foram feitas na casa dos portistas em Esposende, onde cerca de meia centena de adeptos e muitos sócios dos dragões o esperavam.
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Depois de explicar as ideias base da sua candidatura, Villas-Boas esclareceu os adeptos sobre diversas questões, desde a academia de futebol, ao scouting, passando pelas casas do F. C. Porto e o relacionamento com as claques.
Numa pergunta mais pessoal, o candidato dos dragões lembrou o ano de 2011, cheio de sucesso desportivo, mas difícil no campo pessoal. “Um miúdo, sócio do F. C. Porto desde que nasceu, que treinou em todos os escalões, que se tornou treinador da equipa principal e que tudo conquista, tem um impacto emocional enorme”, salientou, acrescentando ter consciência do passo que está a dar.
"É duro assumir cargos que podem desintegrar posições familiares e isto são posições que roçam a loucura para pessoas que têm a vida estabilizada. Os meus amigos dizem-me que perdi a cabeça. Eu não perdi a cabeça, é a hora de mudança para o F. C. Porto. A exigência é enorme, sei que ela vem, mas o prazer das emoções é único. Não há nada que se iguale a ter sido treinador e adepto do F. C. Porto e não haverá nada que igual ser presidente/adepto do F. C. Porto”.
André Villas-Boas recebeu em Esposende palavras de incentivo – “nós é que temos de agradecer por ser candidato” – e saiu em direção a Vizela, onde vai marcar presença em mais uma casa do F. C. Porto, com o ego “tão inchado” que iria ter dificuldades de lá entrar.
Ainda assim, o candidato não esquece o que o move e quer que os adeptos sejam exigentes. "Vamos estar sob pressão sobretudo pelo legado que nos foi deixado por Jorge Nuno Pinto da Costa. Será fator de pressão, mas também de responsabilidade para convosco. Quero que exijam o máximo de mim”, refere.
“O F. C. Porto está aberto a debate, a ideias, seja qual for o resultado no dia 27 de abril o clube estará vivo de novo. Que este seja um novo acordar para o clube. Do ponto de vista desportivo tudo conquistámos e de certa forma havia pouco a conquistar. O presidente deixa-nos um passado de vitórias sem igual, mas estruturalmente não existimos, em termos de gestão desaparecemos e é neste ponto que queremos ser inflexíveis antes que seja tarde demais”, completou.
André Villas-Boas voltou a falar da sustentabilidade financeira do clube e a lembrar “o grande desafio” que tem pela frente. “Nos últimos 12 anos, arrastando-nos para a ruína financeira, estamos numa situação limite atualmente. Isto tem muito a ver com a falta de gestão cuidada e rigorosa. Conquistámos três campeonatos nos últimos sete, mas pagámos um preço elevado para os ter conquistados. Temos um conjunto enorme de fornecedores, agentes e clubes a quem devemos dinheiro, está nas mãos deles cobrar ao F. C. Porto a qualquer momento”, rematou.