D. António Marto, D. Manuel Clemente, D. Tolentino Mendonça e D. Américo Aguiar são cardeais eleitores e os portugueses mais bem colocados na corrida para suceder a Francisco. Saiba quem são e como chegaram ao topo da hierarquia da Igreja Católica.
Corpo do artigo
D. António Marto - O homem de Fátima
O mais velho dos cardeais portugueses que vão participar no conclave que escolherá o próximo Papa, D. António Marto tornou-se rosto familiar enquanto bispo de Leiria-Fátima, de 2006 a 2022, período durante o qual foi responsável pela organização das visitas dos papas Bento XVI e Francisco ao santuário mariano, respetivamente em 2010 e 2017. Estudou nos seminários de Vila Real e do Porto, mas foi em Roma, onde se doutorou em teologia pela Universidade Pontifícia Gregoriana, que acabou ordenado padre. Quando regressou a Portugal foi professor de Teologia e de Direito na Universidade Católica, além de manter ligação próxima às paróquias de Nossa Senhora da Conceição (Porto) e do Bom Jesus (Matosinhos). Foi catequista de adultos e esteve ligado ao Movimento de Estudantes Católicos. Antes de chegar a Leiria-Fátima, foi bispo auxiliar de Braga e, posteriormente, responsável máximo pela diocese de Viseu. Foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco no consistório de 28 de junho de 2018.
D. Manuel Clemente - “Presença ativa”
Especialista em teologia clássica, foi ordenado padre com 32 anos, em Lisboa. Os primeiros trabalhos no terreno fê-los como pároco no concelho natal de Torres Vedras. Chamou a atenção e foi chamado para formador do Seminário Maior de Lisboa, onde subiu degraus até ser designado reitor. O Papa João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Lisboa em 1999, que ocupou até chegar a bispo do Porto em 2007, sucedendo a D. Armindo Lopes Coelho. Ficou nesta última missão durante longos 16 anos, até ser chamado a Cardeal Patriarca de Lisboa por nomeação do Papa Francisco, em maio de 2013. Segundo a Agência Ecclesia, a “presença ativa” da Igreja Católica proporcionada por D. Manuel Clemente nas duas maiores cidades portuguesas chamou desde sempre a atenção do Sumo Pontífice. Vencedor do Prémio Pessoa em 2009, assinou dezenas de obras literárias e biográficas, nomeadamente “Igreja e Sociedade Portuguesa”, “Portugal e os Portugueses” e “Os Papas do Século XX”.
D. Tolentino Mendonça - O poeta do Vaticano
É o cardeal português mais próximo da cúpula do Vaticano, onde vive em permanência desde 2018. Foi arquivista e bibliotecário da Santa Sé e é atualmente prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, organismo responsável pela valorização do património cultural da Igreja, da atuação junto das escolas e a ligação aos centros de investigação católicos. No dia em que foi investido cardeal, a 5 de outubro de 2019, ouviu o Papa Francisco dizer-lhe: “Tu és a poesia”. O mesmo Papa Francisco que em fevereiro deste ano, aquando do internamento devido a graves problemas respiratórios, lhe delegou em exclusivo a leitura da oração do Angelus, que habitualmente proferia. Poeta consagrado, D. Tolentino é padre desde julho de 1990, doutorado em Teologia Bíblica e professor na Universidade Católica. Em 2020, em plena pandemia, foi o responsável pelo discurso principal do Dia de Portugal, a 10 de junho, no qual clamou por um pacto entre gerações para a construção de uma nova sociedade.
D. Américo Aguiar - Da comunicação ao cardinalato
É o terceiro cardeal mais novo dos atuais 252 que compõem o Colégio Cardinalício. D. Américo Aguiar foi ordenado pelo Papa Francisco a 30 de setembro de 2023, não tinha ainda 50 anos, pouco mais de uma semana depois de ter sido conhecida a sua nomeação como Bispo de Setúbal e quatro após ter sido apontado Bispo Auxiliar de Lisboa. Era o corolário de um percurso iniciado com a entrada no Seminário Maior do Porto, em 1995, e que o levara, entre outros caminhos do seu percurso, a liderar a organização das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, em 2023, ou o Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia, a partir de 2016. Extrovertido e de sorriso fácil, D. Américo Aguiar começou por se envolver com movimentos associativos antes de enveredar pelo sacerdócio. Especializou-se em Teologia em Ciências da Comunicação. Foi assessor de imprensa da Diocese do Porto, pároco em São Pedro de Campanhã (Porto), vice-reitor do Santuário de Santa Rita (Ermesinde) e presidente da Irmandade dos Clérigos (Porto), que ajudou a revitalizar, tornando a torre e a igreja dos Clérigos dos monumentos mais procurados da cidade.