O diretor-nacional da PSP, superintendente-chefe Barros Correia, decidiu abrir um inquérito à “eventual participação de polícias” no desfile e concentração à porta do Capitólio, em Lisboa, na segunda-feira, onde decorreu o debate entre os líderes da Aliança Democrática e do Partido Socialista.
Corpo do artigo
Em comunicado, a PSP informou que, “tendo em conta o eventual envolvimento de polícias nesta ação não comunicada, o Diretor Nacional determinou a abertura de processo de inquérito à Inspeção da Polícia de Segurança Pública, com o objetivo de apurar as circunstâncias em que decorreu o desfile e concentração junto ao Capitólio, confirmar a eventual participação de polícias da PSP no referido desfile e concentração, de forma a apurar eventual responsabilidade disciplinar, bem como a elaboração de auto de notícia a narrar estes factos, para ulterior remessa ao Ministério Público.”
Também a GNR, questionada pelo JN, disse que "irá solicitar toda a informação relevante, em especial, no que se refere ao possível envolvimento de militares da Guarda, para melhor avaliação dos factos e da oportunidade de eventual procedimento disciplinar."
Na nota enviada às redações, a PSP começa por afirmar que a ação decorrida na Praça do Comércio, na segunda-feira, “decorreu sem qualquer incidente e dentro dos limites legais e com civismo”.
No entanto, “a determinada altura, fora do quadro legal que regula o direito à reunião e manifestação, uma parte dos manifestantes decidiu iniciar um desfile por várias artérias da cidade de Lisboa até à zona do Capitólio, onde se concentraram, desfile esse para o qual não existiu qualquer comunicação à Câmara Municipal de Lisboa (CML), obrigando ao corte inopinado de várias artérias da cidade”.
“Saliente-se ainda que o local final de concentração (junto ao Capitólio), também não foi comunicado à CML, conforme obriga o atual quadro legal”, pode ler-se ainda no comunicado.
Apesar de a manifestação não ter sido marcada pela plataforma que junta os sindicatos da PSP e associações da GNR, o seu porta-voz considerou esta terça-feira que a concentração espontânea junto ao Capitólio não põe em causa a legitimidade dos protestos e elogiou o comportamento dos polícias.
"Espelha alguma irregularidade do ponto de vista legal. Ainda assim, os polícias souberam comportar-se com maior elevação e respeito, sem ter, em momento algum, coagido e isso merece destacar", disse Bruno Pereira, em declarações à agência Lusa.
Rejeitando que os protestos, que se prolongam há várias semanas, estejam a fugir ao controlo da plataforma, o porta-voz reconheceu que "não é propriamente fácil lidar com uma insatisfação tão grande" e que a deslocação ao cineteatro Capitólio foi sinal disso mesmo.
"O que se passou a seguir (à concentração na Praça do Comércio) foi puramente espontâneo e mostra que os polícias estão bastante insatisfeitos, intranquilos e quiseram fazer-se ouvir de forma mais audível, simbolicamente, no sítio onde decorreu o debate entre os líderes do PS e do PSD", sublinhou.
Os elementos da PSP e da GNR estão em protesto há mais de um mês para exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.