A ministra da Saúde negou esta terça-feira que o plano de inverno esteja a falhar no SNS, sublinhando que os seus níveis de contingência são muito claros e têm sido respeitados, além das medidas que estão a ser tomadas.
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O frio, as infeções respiratórias e os internamentos indevidos - o habitual nesta época do ano - estão a deixar os hospitais novamente sob pressão. A ministra da Saúde nega que o plano de inverno esteja a falhar no SNS, mas assume preocupação com alguns hospitais, “três ou quatro”, sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo, cujos tempos de espera estão “muito acima do recomendado do ponto de vista clínico e humano”. Com o país todo em alerta amarelo devido às baixas temperaturas, as câmaras do Porto e de Braga avançaram com medidas para proteção dos sem-abrigo.
No último domingo, numa entrevista ao JN/TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos disse que os planos de contingência das unidades locais de saúde, os planos estratégicos e as linhas telefónicas não estão a resultar. Sobre os longos tempos de espera nas urgências, Carlos Cortes manifestou preocupação por estarmos “a entrar num período de profunda desumanização do SNS”.
Mais de mil casos sociais
Nesta segunda-feira, à margem de uma reunião com associações de doentes na área da oncologia, Ana Paula Martins vincou a sua posição. “Não posso reconhecer de maneira nenhuma que o plano de inverno esteja a falhar”, disse, garantindo que os níveis de contingência são “muito claros” e “têm sido respeitados”.
Além das coberturas de vacinação contra a gripe e a covid-19 que foram “muito positivas este ano”, a ministra destacou a importância da prescrição de análises e exames a partir dos lares, o que “nunca tinha acontecido” e retira os idosos das “portas do centro de saúde” ou das “portas dos hospitais”.
A par destas medidas, apontou “a procura incessante” de camas na rede de cuidados continuados e nos lares, com novos acordos, para retirar os casos sociais dos hospitais (pessoas com alta clínica que não têm para onde ir), mas reconheceu que não se consegue resolver o problema de “um dia para o outro, nem de um ano para o outro”.
“Uma parte da pressão que acontece nos hospitais nesta altura também tem que ver com o facto de termos (...) mais de um milhar [de doentes] nos hospitais e que não deviam lá estar”, referiu Ana Paula Martins.
Também no plano social, e para fazer face às baixas temperaturas, os municípios do Porto e de Braga ativaram o nível amarelo dos planos de contingência para pessoas em situação de sem-abrigo. No Porto, as estações de metro do Campo 24 de Agosto e da Casa da Música abriram ontem e voltam a abrir esta noite. E o Centro de Acolhimento de Emergência (CAE) Joaquim Urbano tem 30 camas disponíveis. Em Braga, foi ativado o CAE junto à Sé e há equipas de rua da Cruz Vermelha.