A imprensa chinesa destacou hoje, sexta-feira, que Vargas Llosa é o primeiro escritor sul-americano galardoado com o Nobel da Literatura em quase 30 anos, mas a distinção não atenuou a crónica decepção face às escolhas da Academia sueca.
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"O país quer desesperadamente alcançar reconhecimento internacional para demonstrar a sua capacidade de criação e inovação, mas isso parece sempre ser em vão", comentou o jornal Global Times sobre os prémios Nobel científicos já atribuídos este ano (Medicina, Física, Química).
A lista dos galardoados inclui cientistas de vários países (Estados Unidos, Reino Unido e Japão), mas não há nenhum chinês.
"Mais um ano de decepção Nobel", afirma o Global Times.
Na área da literatura, o único autor chinês premiado até hoje pela Academia Sueca - Gao Xinjiang, em 2000 - também não agradou às autoridades chinesas.
Gao Xinjiang exilou-se em Franca após a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em 1989, e adquiriu entretanto a nacionalidade francesa.
O último autor sul-americano a ganhar o Nobel da Literatura foi o colombiano Gabriel Garcia Marquez, em 1982, realçou o Global Times, numa notícia de última página.
(O mexicano Octávio Paz foi distinguido em 1990, mas o México é considerado um país da América do Norte ou América Central).
A atribuição do Nobel a Mário Vargas Llosa, anunciada na quinta feira em Estocolmo, é notícia de primeira página no jornal China Daily, que descreve aquele escritor peruano como "um dos mais aclamados autores mundiais de língua espanhola".