Um Suzuki branco a circular num bairro movimentado de Peshawar, no Paquistão, colocou o serviços secretos paquistaneses na rota de bin Landen. Quase 9 meses depois, comandos norte-americanos mataram o líder da al Qaeda.
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Os 10 anos de buscas, iniciadas logo após o 11 de Setembro de 2001, a mando de George W. Bush, terminaram domingo, nove meses depois de uma pista decisiva.
Em Julho de 2010, a passagem de um Suzuki branco num movimentado bairro de Peshawar chamou a atenção dos serviços secretos paquistaneses.
Os serviços secretos ficaram de olho no condutor do Suzuki, um dos mensageiros e dos mais importantes homens de confiança de Osama bin Laden, conta o jornal norte-americano "New York Times" (NYT).
A alcunha do mensageiro de confiança de bin Laden havia sido obtida através de interrogatórios feitos a alguns prisioneiros em Guantánamo, a base militar americana em Cuba para onde foram transferidos muitos dos suspeitos de terrorismo.
Durante um mês, agentes da CIA, a agência de informação norte-americana, seguiram o homem do carro branco e chegaram a um extenso e bem protegido complexo numa localidade a cerca de 50 quilómetros da capital do Paquistão, onde este viveria com um irmão. Demoraram meses, mas confirmaram que bin Laden também residia naquela mansão.
De acordo com o NYT, 79 comandos da Marinha, os SEALS, desceram de quatro helicópteros sobre o complexo em que vivia bin Laden, domingo, numa noite escura e sem luar.
Houve uma troca de tiros e cinco pessoas morreram. Entre os mortos, as tropas especiais americanas centraram-se num homem alto, magro e barbudo. Um dos SEALS tirou uma fotografia e enviou-a para um analista que a inseriu num programa de reconhecimento facial.
Confirmado. Era, já morto com um tiro na cabeça, Osama bin Laden, autor moral do 11 de Setembro e alegado responsável por dezenas de atentados e milhares de mortos em todo o Mundo.
O presidente dos EUA, Barack Obama, o vice-presidente Joe Biden e a Secretária de Estado Hillary Clinton juntaram-se na "Situation Room", para acompanhar a operação.
Obama tinha "uma expressão de pedra", disse um dos assessores, enquanto Joe Biden ia passando os dedos pelo rosário. Em vídeo, o director da CIA, Leon E. Panetta, narrou o que se ia passando no Paquistão.
"Chegaram ao alvo", disse. Os minutos passaram "como se fossem dias", segundo um assessor de Obama. "Temos contacto visual com Geronimo", o nome de código de Osama bin Laden, acrescentou o director da CIA.
Mais minutos passaram. "Geronimo EKIA", isto é, Enemy Killed In Action, o que se pode traduzir como inimigo morto em combate. "Apanhámo-lo", disse Obama, quebrando o silêncio.
A caçada terminou. No Paquistão, o corpo era embrulhado e metido num helicóptero para ser levado para um funeral no mar.
Era o fim de 10 anos de buscas, de oito meses de vigilância, com recurso, inclusive, a satélites e agentes no terreno.
Identificado o refúgio de bin Laden, a administração norte-americana dividiu-se entre as hipóteses de agir o mais depressa possível ou manter a vigilância mais algum tempo.
Tomada a decisão de avançar, nova divisão, desfeita por quem manda. O presidente Obama recusou a hipótese de um bombardeamento cirúrgico à mansão, para evitar uma destruição massiva e ter a certeza de que bin Laden seria apanhado.
Foi decidida uma operação com comandos, no terreno. Dois helicópteros de reserva acompanharam os dois principais da acção.
Os EUA agiram sem dar conhecimento ao Paquistão, e as tropas no terreno andaram depressa para evitar confrontos com os paquistanesas. Um dos quatro helicópteros avariou e ficou no local, destruído, aparentemente, pelas próprias tropas americanas.
O héli é uma das imagens da operação. Resguardado por tapumes, via-se caído sobre o muro, com 12 pés (4 metros) de altura, cumeados por arame farpado, na propriedade de bin Laden. A casa, de três andares, avaliada em 1 milhão de dólares, cerca de 750 mil euros, estava também protegida por alarmes.
As preocupações com a segurança levaram os moradores a queimar todo o lixo produzido na mansão de bin Laden. Uma acha mais na fogueira de pistas, muitas obtidas em interrogatórios da CIA, que levaram à morte do inimigo público número 1 da América.