As jovens do grupo punk Pussy Riot, condenadas a dois anos de prisão por terem entoado uma canção anti-Putin num templo ortodoxo da capital russa, recusaram-se a reconhecer a culpa, mas pediram desculpa aos cristãos ortodoxos pela sua ação.
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A declaração foi feita no Tribunal de Moscovo, onde foi apresentado um recurso da sentença pelos advogados de defesa da jovem Ekaterina Samutzevitch, uma das participantes do grupo.
"Eu realmente tencionava realizar uma ação, mas não queria ofender os crentes. Se ofendemos com as nossas ações os crentes, apresentamos as nossas desculpas", disse, esta quarta-feira, em nome de três dos cinco membros do grupo que foram detidos.
"Porém, tratou-se de uma ação política, por isso não reconheço a acusação de hooliganismo", frisou.
Samutzevitch pediu ao tribunal de recurso que anule a sentença de primeira instância e encerre o caso por "ausência de crime".
"Apelo a todos os crentes que nos ouçam: não queríamos insultar-vos, nunca tivemos esse objetivo. Talvez a nossa forma de protesto tenha sido inaceitável para a nossa sociedade, talvez [a sociedade] não esteja pronta para aceitar uma ação punk no Templo de Cristo Redentor. Mas trata-se apenas de um conflito de formas de ação, não queríamos ofender ninguém", afirmou Maria Alekhina, outro dos elementos do grupo.
A sentença do Tribunal de Relação é esperada com grande expectativa devido às diferentes opiniões dos dirigentes da Rússia.
O primeiro-ministro Dmitri Medvedev considerou demasiadamente dura a condenação das jovens a pena de prisão. Vladimir Putin, Presidente da Rússia, apoiou a sentença e a Igreja Ortodoxa Russa lançou um apelo à justiça para que perdoe as jovens se elas "pedirem publicamente perdão".
A polícia fez várias detenções nos arredores do edifício do tribunal, onde apoiantes e adversários do Pussy Riot se concentraram para esperar a sentença.