O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou, esta terça-feira, a conclusão do acordo sobre o programa nuclear iraniano, afirmando que se baseia em verificações e não na confiança. Republicanos já criticaram, dizendo que o acordo relançará a corrida ao armamento nuclear.
Corpo do artigo
"Este acordo mostra que a diplomacia norte-americana pode conseguir mudanças reais e significativas", declarou Barack Obama.
"Este acordo não se baseia na confiança. Baseia-se em verificações. Os inspetores terão acesso 24 sobre 24 horas às instalações nucleares chave iranianas", adiantou, numa declaração solene na Casa Branca, acompanhado pelo seu vice-presidente, Joe Biden.
Obama considerou que o acordo permitirá dar início a uma nova era nas relações entre o Irão e os Estados Unidos.
"Este acordo dá-nos a possibilidade de avançar numa nova direção. Devemos aproveitá-la", declarou, prometendo o levantamento das sanções norte-americanas contra o Irão.
No entanto, adiantou que "se o Irão violar o acordo, todas as sanções serão repostas".
A declaração do presidente norte-americano sobre o acordo entre o Irão e as grandes potências foi transmitida em direto na televisão pública iraniana, constatou a agência France Presse em Teerão.
Trata-se da segunda vez em 36 anos que o discurso de um presidente dos Estados Unidos - que romperam as relações diplomáticas com Teerão em 1979, ano da revolução islâmica - é transmitido em direto pela televisão estatal.
Republicano John Boehner diz que acordo relançará corrida ao armamento nuclear
O presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, o republicano John Boehner, criticou o acordo nuclear feito com o Irão, considerando que relançará a corrida ao armamento nuclear no mundo.
Este acordo "dará ao Irão milhares de milhões no alívio de sanções concedendo-lhe o tempo e o espaço para atingir o nível de capacidade de produção de uma bomba nuclear, sem fazer batota", declarou Boehner num comunicado.
"Em vez de parar a propagação das armas nucleares no Médio Oriente, este acordo vai provavelmente lançar uma corrida às armas nucleares no mundo", adiantou, assinalando que os deputados norte-americanos vão "rever todos os pormenores deste acordo com muita atenção".
Outros responsáveis do Congresso dos Estados Unidos (inclui a Câmara dos Representantes e o Senado) acompanharam Boehner, expressando profundo ceticismo em relação ao acordo.
O líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, disse que o presidente Barack Obama abordou as negociações históricas com uma "perspetiva incorreta: obter o melhor acordo aceitável pelo Irão, em vez de avançar com o objetivo nacional de acabar com o programa nuclear do Irão".
McConnell disse que o Congresso, dominado pelos republicanos e que tem 60 dias para rever o acordo, realizará audiências sobre o documento, em particular para analisar as "concessões" que o Irão conseguiu da administração Obama.
O Congresso não tem que ratificar o acordo para que ele entre em vigor, mas tem poder para bloquear um dos seus elementos centrais: a suspensão das sanções norte-americanas, contrapartida dos compromissos iranianos.
Barack Obama prometeu vetar qualquer resolução que impeça a aplicação do acordo nuclear e os republicanos precisarão do apoio de dois terços de cada uma das Câmaras do Congresso para ultrapassar o veto.