O Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, manifestou-se hoje, sexta-feira, preocupado com o repatriamento pelo Governo francês de pessoas de etnia cigana em situação irregular.
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"É evidente que me preocupa", declarou Jorge Sampaio aos jornalistas na Universidade de Aveiro, frisando que "o tempo é de exigências em relação às minorias".
França começou na quinta-feira as primeiras acções de repatriamento para a Bulgária e a Roménia de cidadãos europeus daquela etnia, um processo que está a gerar polémica e acusações sobre uma alegada atitude xenófoba do governo de Nicolas Sarkozy.
Evitando comentar directamente a decisão do Estado francês, o Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações disse que, "por mais difícil que sejam os desafios", os "países democráticos também se sujeitam à crítica".
"A verdade é que nós devemos ter o espírito aberto e trabalhar com as pessoas que, ainda por cima, muitas vezes são da nossa nacionalidade", disse.
Jorge Sampaio falava aos jornalistas à margem da sessão de encerramento da 1ª Escola de Verão da Aliança, uma parceria entre a Aliança das Civilizações das Nações Unidas e a Universidade de Aveiro.
O antigo Presidente da República de Portugal realçou ainda "a necessidade de as sociedades serem sociedades plurais, que já o são", e de ser promovida a tolerância entre as pessoas.
Cerca de 700 pessoas de etnia cigana deverão ser repatriadas para os seus países de origem - na maioria dos casos Bulgária e Roménia - de forma faseada no espaço de um mês, segundo anunciou esta semana o ministro do Interior francês, Brice Hortefeux.
Um total de 371 ciganos romenos serão repatriados até ao final do mês.
Uma terceira vaga de repatriamentos terá lugar em "finais de Setembro", precisou Hortefeux, que defendeu a medida, considerando que "não se trata de estigmatizar uma comunidade, mas sim de fazer respeitar a lei".
