O presidente da República defendeu este sábado, na cerimónia dos 41 anos do 25 de abril, que é "essencial" fomentar o regresso dos muitos jovens que, devido à crise financeira e económica, tiveram de sair do país e defendeu "uma atitude firme de combate à corrupção".
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Cavaco voltou a apelar à necessidade de "compromissos interpartidários", considerando-os "imprescindíveis" para garantir a governabilidade e a estabilidade do país.
"Os portugueses estão cansados da conflitualidade política em torno de questões acessórias e artificiais, quando devia existir união de esforços na abertura de perspetivas de futuro para as novas gerações, no combate ao desemprego e à pobreza, na melhoria da equidade na distribuição do rendimento, no apoio aos idosos", disse o presidente, naquele que será o seu último discurso de 25 de abril enquanto Presidente na Assembleia da República.
Além de voltar a dizer que considera "urgente" a promoção de uma estratégia de aumento da natalidade, o presidente lembrou os muitos jovens que não têm emprego ou que estão em situação de subemprego e emprego precário, "forçados a adiar as suas opções de vida e incertos quanto aos que o futuro lhes trará".
"Não admira o desinteresse das novas gerações pela atividade cívica e política", disse, desafiando os agentes políticos a uma reflexão séria sobre este tema. "Muitos sentem que foi em vão o investimento que fizeram na sua formação escolar e qualificação profissional", disse o presidente, considerando que Portugal "desperdiça" o seu talento.
O presidente da República apontou ainda a necessidade de uma Justiça mais "credível, célere e eficaz", uma Administração Pública "independente, imparcial e próxima dos cidadãos", "com funcionários qualificados e dirigentes escolhidos exclusivamente pelo seu mérito" e a necessidade de "garantir a sustentabilidade" do Estado Social. "É uma área em que o debate e o consenso sobre o seu futuro se impõem", disse, lembrando que "a qualidade da Democracia depende da qualidade dos serviços prestados aos cidadãos" e que o modo como estes percecionam a ação dos governantes e dos políticos, "depende muito do relacionamento quotidiano que mantêm com a Administração Pública".
Em relação à corrupção, Cavaco pediu um combate firme, por considerar que ela "tem efeitos extremamente graves no relacionamento entre os cidadãos e o Estado, diminuindo a confiança nas instituições" e "criando a falsa ideia de que a generalidade dos agentes políticos ou dos altos dirigentes da administração não desempenham as suas funções de forma transparente". "É desta falsa perceção que se alimentam os populismos e se abre a porta é demagogia", avisou..
O presidente apontou ainda os "grandes desafios" que devem mobilizar a Assembleia da República na próxima legislatura: a excelência na educação, o desenvolvimento de competências ao longo da vida e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, apelando ao investimento na saúde da população.