O Papa Francisco declarou, este domingo, na praça de S. Pedro, no Vaticano, santos João XXIII e João Paulo II perante dezenas de chefes de Estado e monarcas e 800 mil peregrinos de todo o mundo. Os novos santos "contribuíram de forma indelével para o desenvolvimento dos povos e da paz", sublinhou.
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"Declaramos e definimos santos João XXIII e João Paulo II e os inscrevemos no catálogo dos santos e estabelecemos que dentro da Igreja eles sejam honrados como santos", disse o Papa argentino, enquanto os sinos tocavam na cidade de Roma.
Estreia absoluta em 2000 anos de história da Igreja, esta dupla canonização ocorre na presença de dois papas, Francisco e o seu antecessor, Bento XVI.
Estiveram presentes 98 delegações de Estados e organizações internacionais, incluindo 24 chefes de Estado e monarcas, como o Rei de Espanha. O Vaticano indicou que 800 mil peregrinos assistiram à cerimónia, que foi concelebrada por cerca de mil cardeais e bispos e mais de 700 sacerdotes.
No final, o Papa Francisco agradeceu aos fiéis, às delegações dos países e aos religiosos a sua presença na praça de São Pedro para prestar homenagem aos santos João Paulo II e João XXIII.
Para o chefe da igreja católica, os novos santos "contribuíram de forma indelével para o desenvolvimento dos povos e da paz".
Agradeceu ainda o afeto dos peregrinos das dioceses de Bergamo, norte de Itália, província onde nasceu João XXIII, e Cracóvia, na Polónia, onde João Paulo II viveu até ir para Roma, e pediu-lhes que "seguissem finalmente os ensinamentos dos santos".
Teve também palavras de agradecimento para o vigário de Roma, o cardeal Francesco Vallini, para o autarca da cidade, Ignazio Marino, para a organização do evento e para "todas as forças da ordem e várias organizações, associações e voluntários".
O Papa argentino saudou ainda todos os peregrinos que assistiram à cerimónia desde a praça de São Pedro, as ruas adjacentes e em outros lugares de Roma e que foram cerca de 800 mil, segundo o Vaticano.
Por último, referiu-se a quem seguiu a cerimónia "por rádio ou televisão" e agradeceu aos meios de comunicação "terem dado a oportunidade a tantas pessoas de participarem" da cerimónia.
Os dois novos santos da Igreja
A santidade exige normalmente dois milagres confirmados, embora Francisco tenha aprovado a canonização de João XXIII - com quem partilha uma perspetiva reformista - baseado em apenas um.
O primeiro milagre atribuído a João Paulo II, que ocupou o "trono de Pedro" de 1978 a 2005, terá ocorrido seis meses depois da morte, quando uma freira francesa afirmou ter sido curada da doença de Parkinson, através de orações dedicadas ao papa polaco.
Karol Wojtyla foi beatificado a 1 de maio de 2011 por Bento XVI. João Paulo II beatificou João XXIII a 3 de setembro de 2000.
Francisco reconheceu um segundo milagre de João Paulo II, depois do parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos: a cura de uma mulher da Costa Rica que sofria de um grave aneurisma cerebral e a quem os médicos estimavam apenas um mês de vida.
Em 2005, durante o funeral de João Paulo II, a multidão gritou várias vezes "Santo Subito!" ("Santo Já!"), levando o Vaticano a acelerar os procedimentos necessários à canonização, que são iniciados, normalmente, cinco anos após a morte.
João XXIII ficou para a história como o Papa que realizou o Concílio Vaticano II (1962-1965), que reviu os rituais e doutrinas da Igreja e defendeu a aproximação a outras religiões.
Muitos comparam o Papa italiano, que morreu em 1963, com o atual líder da Igreja Católica pelas semelhantes atitudes pastorais: humildade, simplicidade e sentido de humor.
Francisco terá dispensado o reconhecimento de um segundo milagre para a canonização de João XXIII, também aprovada pela Congregação para as Causas dos Santos.
Os participantes no Concílio Vaticano II, em 1965, já tinham pedido a canonização de João XXIII, que pretendiam homenagear por conduzir a Igreja para tempos modernos.