Justiça

Mãe de bebé em amamentação tenta afastar juíza que decidiu pernoitas com o pai

Afastamento da juíza será decidido pelo Tribunal da Relação de Lisboa Paulo Spranger / Global Imagens

A mãe da bebé de dez meses em amamentação que terá de passar, por despacho do tribunal, fins de semana alternados com o pai entregou um requerimento para afastar a juíza do processo, por alegada falta de imparcialidade da magistrada, apurou o JN.

O incidente de suspeição foi suscitado no Tribunal da Relação de Lisboa horas depois de a progenitora ter apresentado uma queixa-crime contra a mesma juíza, colocada no Tribunal de Família e Menores (TFM) de Cascais.

Esta sexta-feira, o pai foi já buscar a menina à creche, existindo dúvidas sobre a qual dos progenitores caberia este fim de semana, o primeiro desde que foi instituída a regulação provisória das responsabilidades parentais.

Tal como o JN noticiou, o regime foi determinado na passada terça-feira pelo TFM de Cascais e não satisfez as pretensões de qualquer um dos pais. O progenitor pretendia que a criança passasse uma semana na casa de cada um, enquanto a progenitora queria que, para já, o pai pudesse ter apenas visitas supervisionadas com a filha.

No final, a juíza considerou que a distância de mais de 50 quilómetros entre os domicílios dos pais - e não o facto de a criança ser amamentada - impede a instituição da residência alternada. E determinou que, ficando a menina a viver com a mãe, tem de passar fins de semana alternados em casa de cada um, de modo a manter a proximidade com o pai.

No entanto, a magistrada não precisou, no despacho, a quem caberia o primeiro sábado e domingo após a decisão. Não se pronunciou, igualmente, sobre como garantir a amamentação da criança.

Diz que filha não bebe pelo biberão

A mãe assegura que a filha não consegue beber pelo biberão, mas, para a juíza do TFM de Cascais, está indiciado que, durante quatro dias que a bebé passou em setembro deste ano, 2022, com o progenitor, se alimentou à noite por aquele recipiente.

A extração do leite poderia, segundo especialistas ouvidos pelo JN, ser uma alternativa, sobretudo numa idade com a da menina, em que o alimento materno já não é o único nem é tão importante como nos três primeiros meses de vida.

Paralelamente ao processo de regulação das responsabilidades parentais, a mãe acusou o pai da bebé de violência doméstica. Até agora, não foi decretada qualquer medida de coação, nomeadamente proibição de contactos, no inquérito em curso há pouco mais de um mês.

Inês Banha