Justiça

Instalações do Porto aquecem eleições na Ordem dos Advogados

Edifício utilizado pelo Conselho Regional do Porto está situado no centro do Porto Arquivo

Menezes Leitão garante que Conselho nortenho pode ser expulso de prédio. Paulo Pimenta acusa concorrente a bastonário de mentir.

É um assunto que está a aquecer a campanha para as eleições na Ordem dos Advogados, que arrancam na próxima segunda-feira. O Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça (IGFEJ) não quer renovar o contrato de comodato do edifício do Estado, onde está instalado o Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados (CRPOA). O ofício do instituto, dependente do Ministério da Justiça (MJ), está a ser tema de campanha entre dois dos candidatos à Ordem. Por um lado, o atual bastonário, Luís Menezes Leitão, diz que o Conselho do Porto está em risco de ficar sem instalações já em janeiro. Por outro, Paulo Pimenta, presidente do CRPOA, garante ser falso que a continuidade esteja em risco.

O contrato foi celebrado entre o MJ e o CRPOA em janeiro de 1993. Previa que o Estado cedesse durante 30 anos e a título gratuito o edifício do centro do Porto.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, há cerca de dois anos e meio, o IGFEJ abordou o Conselho do Porto e propôs uma renovação que previa o pagamento de uma renda de 7500 euros. O CRPOA respondeu que só pretendia negociar a continuidade nas instalações num momento mais próximo do término do contrato.

reunião com ministra

Há um ano e meio, numa reunião entre a então ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, e o bastonário foi abordado o assunto. Menezes Leitão contactou Pimenta, que terá transmitido a mesma informação prestada ao IGFEJ. Seguiram-se outras comunicações por parte do instituto público que não terão obtido resposta do CRPOA, pelo menos de acordo com o próprio IGFEJ, que no passado dia 17 de novembro fez chegar à Ordem um novo ofício.

"Não tendo havido da vossa porte qualquer resposta às nossas comunicações anteriores, no sentido de assumirem o pagamento da onerosidade devida pela utilização de um imóvel do Estado, considera este organismo que a prorrogação do referido protocolo é lesiva para os interesse do Ministério da Justiça", pode-se ler no ofício a que o JN teve acesso. O ofício serviu de mote a um ataque de Menezes Leitão contra Pimenta num debate, organizado anteontem pelo Novum Canal, entre todos os candidatos à Ordem.

"Fomos apanhados de surpresa com esta notificação do IGFEJ que põe em risco a continuidade do Conselho do Porto nas instalações. É uma situação inaceitável e já pedimos uma reunião urgente ao IGFEJ", disse ao JN Luís Menezes Leitão.

Também contactado pelo JN, Paulo Pimenta disse ser "falso que o Conselho esteja em risco de perder as suas instalações. O IGFEJ pretendia começar a receber valores pela utilização do espaço, antes de esgotado o prazo do comodato. O bastonário sabe disto há um ano e meio e este oficio do IGFEJ, que é um documento interno, só vem a público numa luta eleitoral. Os novos órgãos da Ordem é que irão tratar deste dossier com o Ministério, porque o IGFEJ não tem poder de decisão".

Sem despejo

Ao JN, o Ministério da Justiça (MJ) diz não haver lugar a despejo. Sendo o prédio do Estado, nunca o IGFEJ poderia promover um eventual despejo de um imóvel que não lhe pertence: "é, simplesmente, a cessação no início do próximo ano da vigência do protocolo homologado em 1993 (...) sendo certo que em nenhum momento a Ordem transmitiu ao IGFEJ a intenção de prorrogação".

Apelo ao diálogo

O MJ disse ainda estar "inteiramente disponível, como sempre esteve, para dialogar com a OA, tendo em vista a procura de uma solução que vá de encontro aos interesses de todas as partes envolvidas".

Alexandre Panda