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Turquia vai fornecer armas e apoio à Síria ao abrigo de novo acordo de defesa

Governo interino da Síria tem enfrentado crescentes dificuldades para restaurar a ordem e lidar com as profundas marcas deixadas por quase 14 anos de guerra civil Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP

A Turquia vai fornecer armas, equipamento militar e apoio logístico à Síria, no âmbito de um acordo de cooperação em matéria de defesa recentemente assinado.

O anúncio foi feito um dia depois de os ministros da Defesa da Turquia, Yasar Guler, e da Síria, Murhaf Abu Qasra, terem assinado um memorando de entendimento para cooperação em treino militar e consultoria, reforçando o apoio de Ancara ao Governo interino sírio.

Em julho, a Síria solicitou apoio à Turquia para reforçar as suas capacidades de defesa, na sequência da violência sectária registada no país que motivou também a intervenção militar de Israel em solo sírio.

Segundo o acordo, a Turquia irá partilhar o seu "conhecimento e experiência" e fornecer equipamento militar, sistemas de armas e material logístico para ajudar a reforçar as capacidades do país, indicaram responsáveis do Ministério da Defesa turco, citados pela agência norte-americana Associated Press (AP), que solicitaram anonimato.

O Governo interino da Síria tem enfrentado crescentes dificuldades para restaurar a ordem e lidar com as profundas marcas deixadas por quase 14 anos de guerra civil, após a destituição do antigo presidente Bashar al-Assad por forças rebeldes lideradas por islamistas, em dezembro passado.

Mais recentemente, centenas de pessoas morreram em confrontos na província de Sweida (sul) entre forças governamentais e tribos beduínas locais, por um lado, e combatentes da minoria drusa, por outro.

A Turquia tem apoiado a nova administração síria, formada em grande parte por rebeldes que Ancara apoiou durante a guerra civil.

Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, advertiu Israel e combatentes curdos para cessarem ações que ameacem a estabilidade da Síria, acusando-os de minarem os esforços do país para se reerguer após mais de uma década de guerra civil.

Numa conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Asaad al-Shibani, em Ancara, Fidan acusou as Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas por curdos e aliadas dos Estados Unidos, de atrasarem a implementação de um acordo alcançado em março para se fundirem com o exército sírio.

Na semana passada, representantes de vários grupos étnicos e religiosos sírios realizaram uma conferência na cidade de Hassakeh, no nordeste da Síria, sob controlo das FDS, e apelaram à formação de um Estado descentralizado e à elaboração de uma nova Constituição que garanta o pluralismo religioso, cultural e étnico.

O Governo sírio criticou o encontro e alegou que entre os participantes estavam pessoas com ambições separatistas.

Damasco acrescentou que, por esse motivo, já não tenciona participar nas conversações planeadas com as FDS em Paris, que tinham sido acordadas no final de julho. A data concreta para as conversações ainda não tinha sido marcada.

JN/Agências