Vila Nova de Gaia

Menezes quer bolsas para centenas de estudantes e postos avançados da polícia em "locais críticos"

"Avançar Gaia" é o nome da obra de Menezes, que será apresentada esta quinta-feira Carlos Carneiro

"A Gaia que sonhamos está ali, ao virar da esquina da nossa determinação". Assim termina o livro que Luís Filipe Menezes escreveu e no qual apresenta uma análise ao seu percurso enquanto presidente da Câmara de Gaia (entre 1997 e 2013), aos 12 anos da gestão socialista que se seguiram e a sua visão estratégica para o concelho. "Avançar Gaia" é o nome da obra que será apresentada nesta quinta-feira, às 15 horas, no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner.

São mais de 120 páginas, que o candidato da coligação PSD/CDS/Il entende ser mais do que simples programa de candidatura. Embora ali aponte muitas das medidas que pretende implementar, caso os eleitores voltem a dar-lhe a vitória.

No texto, Menezes diz que "a educação é o verdadeiro motor do desenvolvimento de uma cidade". Nesse contexto, além de melhorias nas instalações, propõe um "programa ambicioso de bolsas de estudo e apoio educativo, capaz de abranger centenas de estudantes todos os anos, em todos os níveis de ensino, incluindo bolsas específicas para as artes e a cultura". E quer criar um laboratório de inovação pedagógica, para garantir "formação contínua de excelência" aos professores.

Tal como a educação, também o urbanismo deverá promover a inclusão social, defende o candidato da coligação "Gaia Sempre na Frente". Assim, ruas, edifícios e transportes serão pensados também para quem tem mobilidade reduzida.

Menezes promete apostar na valorização dos mais velhos e na melhoria dos equipamentos de cuidados primários, construindo unidades onde há sobrelotação ou carência de centros de saúde. Neste campo, anuncia ainda a criação de um programa de transporte solidário para a saúde, gratuito ou com um custo simbólico para o utente.

No livro, entre várias propostas para áreas como a cultura ou o desporto, Menezes avança também com medidas para promover o emprego: estágios profissionais remunerados, incentivos às empresas para contratarem jovens, programas de mentoria para empreendedores, parcerias com universidades para colocar recém-licenciados em projetos locais. A atração de novas empresas e investimentos para o concelho é outra vertente vital neste setor, prevendo benefícios fiscais.

No turismo, a aposta passa pela descentralização e pela sustentabilidade, enquanto no urbanismo uma peça fundamental será a revisão do Plano Diretor Municipal. "Será uma prioridade logo no início do mandato", garante.

"Outro princípio orientador que defendo é a regeneração urbana. Temos muitos espaços em Gaia que estão degradados ou subutilizados - antigas fábricas desativadas, quarteirões envelhecidos, extensas frentes ribeirinhas e costeiras com potencial adormecido", escreve. "Temos centenas (senão milhares) de edifícios antigos em zonas históricas ou centrais que se vão degradando ou estão devolutos. Em vez de continuar a expandir a cidade para novas áreas, a solução inteligente é recuperar o que já existe, dando incentivos claros a quem reabilitar", acrescenta, assinalando em seguida a importância de expandir e melhorar a rede de autocarros.

Quanto à segurança, Luís Filipe Menezes diz que pretende "reforçar a presença e proximidade das forças de segurança". E se a PSP tiver falta de efetivos, garante que vai fazer sentir a necessidade de mais meios ao Ministério da Administração Interna.

O social-democrata escreve também que a câmara estará disponível para ceder instalações tendo em vista a criação de postos avançados das forças de autoridade em "locais críticos" e para expandir a videovigilância urbana.

"Quero implementar programas de policiamento comunitário: atribuir a certos bairros um agente de referência que conhece bem a zona, os moradores e os comerciantes, e que faz um trabalho preventivo, recebendo informações e antecipando problemas", sublinha, ainda, anunciado também a reativação ou a criação de conselhos locais de segurança.

BALANÇO POSITIVO

Antes de apresentar as medidas para o futuro, Luís Filipe Menezes fez um balanço do seu legado. "Quando cheguei à liderança do município, Gaia sofria com um ordenamento caótico do território", escreve, apontando que o combate ao "urbanismo selvagem" foi uma das prioridades. "Outro desafio inicial enorme foi a mobilidade. Antes de 1997, Gaia era sinónimo de trânsito caótico", assinala, afirmando ter promovido uma "remodelação viária radical", como novos eixos de circulação.

O social-democrata aponta ainda que havia "carências habitacionais graves", com "milhares de famílias a viver em barracas ou em casas degradadas". A habitação foi, assim, outra das prioridades, com a construção de cerca de quatro mil habitações sociais. Coesão social, educação (com melhorias nas escolas), cultura e património, ambiente, desporto e lazer, segurança e proteção civil, economia e turismo são outras áreas em que Menezes considera que o concelho evoluiu de forma signifcativa.

"Qual é o legado destes 16 anos para Vila Nova de Gaia? Emocionalmente, para mim, é imenso. Vejo um concelho mais moderno, mas coeso, mais competitivo e acima de tudo mais humano e com mais qualidade de vida", sintetiza.

BALANÇO NEGATIVO

Para a gestão socialista de Eduardo Vítor Rodrigues, as palavras, como seria de esperar, são diametralmente opostas. E nem a estabilização financeira do município, trunfo usado pelo PS, escapa às críticas. "O problema foi o preço que pagamos por essa estabilidade financeira. Para liquidar dívidas e equilibrar contas, Gaia ficou parada em muitas frentes. Investimentos importantes foram travados ou adiados em nome da contenção de custos", frisa Luís Filipe Menezes, lembrando que o modelo de desenvolvimento que seguiu exigiu sacrifícios e risco. "Para piorar, falhou-se também na tão prometida transparência", acrescentou, para depois fazer uma avaliação negativa detalhada da atuação do executivo socialista nos mais diversos setores.

Hugo Silva