"Oh meu Deus. Estou sem palavras". Foi assim que María Corina Machado reagiu à notícia de que ganhou o Prémio Nobel da Paz. Numa chamada com Kristian Berg Harpviken, diretor do Instituto Nobel e secretário do Comité Nobel, que a informou minutos antes do anúncio oficial, a opositora venezuelana disse estar confiante de que a Oposição conseguiria garantir uma transição pacífica para a democracia no país.
"Ainda não chegámos lá. Estamos a trabalhar muito para conseguir, mas tenho a certeza de que venceremos", afirmou. "Este é certamente o maior reconhecimento ao nosso povo, que certamente o merece. Eu sou apenas uma pessoa. Eu certamente não mereço isto".
Já num vídeo enviado pela sua equipa de imprensa à agência de notícias francesa AFP, María Corina Machado admitiu estar "em choque" por ter recebido o Nobel da Paz. "Estou em choque!", ouve-se Maria Machado a dizer a Edmundo González Urrutia, que a substituiu como candidato nas últimas eleições presidenciais devido à sua inelegibilidade política. "O que é isto? Não acredito", insiste a líder da oposição, de 58 anos, que vive escondida na Venezuela.
O Comité norueguês do Nobel anunciou hoje que o Prémio Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana María Corina Machado "pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".
"Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos", sublinhou o Comité.
Nascida em 1967, na Venezuela, Maria Corina Machado é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro, tendo sido candidata favorita à vitória nas eleições presidenciais de julho de 2024. No entanto, foi impedida de concorrer quando, em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal de Justiça, alinhado com o Governo de Maduro, a proibiu de ocupar cargos públicos durante 15 anos.