O objeto escolhido pelo músico que é um dos fundadores dos Cais Sodré Funk Connection.
"A minha primeira viola. Encontrei esta viola, em 1976, na casa do meu avô paterno, na vila de Luso. Estava encostada num canto da sala de jantar, no rés do chão onde em tempos os meus avós tinham uma taberna. Naquele espaço cantava-se o fado de Coimbra, por isso esta viola já deveria ter uma história de perto de 50 anos de uma vida intensa e recheada quando a encontrei, já bastante cansada e suja, com o tampo rachado e apenas uma corda. Nessa altura, limitava-se a servir de abrigo para casulos de baratas. Não precisei de muita coragem para a limpar e torná-la praticável, embora mantendo apenas uma única corda.
Estávamos em agosto, e havia baile na vila! Aquela casa tinha uma varanda com uma vista fantástica. De lá, eu conseguia também ouvir o conjunto a tocar os êxitos daquele verão. Quando pisei a única corda e comecei a deslizar o dedo, apercebi-me de que, por vezes, o som que eu produzia era o mesmo que o conjunto tocava,
e achei isso fascinante e mágico. Nos dias seguintes, já tinha conseguido memorizar algumas melodias. Tornei-me músico.
Este ano restaurei a viola. É um legado, agora com perto de 100 anos, e quero muito que os meus filhos o preservem, em memória da nossa família."
Perfil
Francisco Rebelo é um dos músicos fundadores dos Cais Sodré Funk Connection, que celebram 15 anos com o lançamento de "Um Quarto na Rua Cor de Rosa", novo álbum com temas inéditos cantados, pela primeira vez, em português. O concerto de apresentação do disco é a 22 de outubro, na Casa do Capitão, em Lisboa, às 21 horas.