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Cruz Vermelha transferiu 15 corpos de Israel para Gaza. Hamas devolve hoje dois corpos a Israel

Um profissional de saúde verifica os corpos devolvidos por Israel numa carrinha refrigerada Foto: Omar Al-Qattaa / AFP

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou hoje que transferiu com sucesso 15 corpos de palestinianos de Israel para a Faixa de Gaza, no âmbito do acordo de cessar-fogo em vigor desde dia 10 de outubro.

"O CICV concluiu hoje a transferência dos corpos dos palestinianos falecidos para as autoridades de Gaza, atuando como intermediário neutro", informou o organismo em comunicado, acrescentando que as autoridades de saúde de Gaza confirmaram a receção dos 15 corpos.

O acordo de cessar-fogo, mediado por Washington e outros países árabes, prevê que Israel devolva 15 corpos palestinianos por cada refém israelita falecido entregue pelo Hamas.

Hoje, o Governo israelita anunciou ter identificado o 13.º refém devolvido pelo grupo palestiniano, na segunda-feira.

Também o Ministério da Saúde de Gaza confirmou que recebeu 15 corpos não identificados, elevando para 165 o total de mortos devolvidos a Gaza desde a entrada em vigor da trégua, a maioria ainda sem identificação.

Hamas devolve corpos de dois reféns israelitas

Num comunicado divulgado pelas brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do movimento islamita palestiniano, o grupo indicou que os corpos dos dois reféns israelitas foram exumados hoje e serão entregues ao final da tarde, no quadro da troca de reféns e prisioneiros prevista pelo acordo.

O Governo israelita reiterou, entretanto, que não aceita "qualquer desculpa" do Hamas para justificar os atrasos na entrega dos corpos dos reféns mortos.

A porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Sosh Bedrosian, reafirmou que o grupo "deveria tê-los entregue há oito dias", acusando-o de violar os compromissos assumidos.

"Ainda aguardamos a libertação dos 15 reféns mortos. Não aceitamos desculpas do Hamas, e nenhum jornalista deve perpetuar a mentira de que não consegue encontrar estes corpos", disse Bedrosian, em conferência de imprensa, insistindo que "o Hamas pode localizá-los".

A porta-voz sublinhou que Netanyahu "mantém o compromisso" com o cessar-fogo, mas acusou o grupo palestiniano de ter matado dois soldados israelitas no domingo, o que motivou uma nova vaga de bombardeamentos sobre "dezenas de alvos terroristas" em Gaza.

"O cessar-fogo não é uma licença para o Hamas nos ameaçar ou atacar. Pagarão um preço elevado em caso de violação", avisou Bedrosian, acrescentando que "Israel não tolerará novas provocações" e que "a capacidade militar e de governação do Hamas será destruída".

Bedrosian confirmou ainda a chegada do vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, a Israel, para discutir com Netanyahu "os desafios de segurança e as oportunidades políticas" da região, sublinhando que "as relações entre Israel e os Estados Unidos nunca foram tão fortes".

Durante o dia, Netanyahu reuniu-se também com o chefe dos serviços de informação egípcios, Hassan Rashad, para abordar o acordo de cessar-fogo e outros assuntos regionais.

Impasse na ajuda humanitária

Entretanto, as autoridades de Gaza denunciaram atrasos na entrega de ajuda humanitária, afirmando que apenas 986 camiões entraram no território desde a assinatura do acordo, "muito abaixo dos 6600 que deveriam ter entrado até 20 de outubro", segundo um comunicado do gabinete de imprensa local.

Os comboios incluíram 14 camiões com gás de cozinha e 28 com combustível destinado a hospitais, padarias e geradores, mas as autoridades alertam para uma grave escassez de bens essenciais, acusando Israel de manter uma "política de estrangulamento e chantagem humanitária".

De acordo com as autoridades palestinianas, a média diária de 89 camiões de ajuda é "muito inferior" aos 600 previstos no acordo, número considerado mínimo para responder às necessidades básicas dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza após meses de cerco e destruição.

JN/Agências