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Afinal, quantos sentidos temos?

Investigadores concluíram que não temos cinco sentidos, mas sim sete Foto: Freepik

JNTAG - Crescemos a aprender que o ser humano tem cinco sentidos. Mas essa visão clássica parece estar incompleta e a própria ciência já reconhece isso. São sete, leste bem, sete - e os cinco mais conhecidos até serão os menos importantes.

De cinco a sete

Na escola, sempre nos ensinaram que temos cinco sentidos, que tu certamente sabes quais são: visão, audição, paladar, olfato e tato. São os chamados sentidos da exteroceção, ou seja, sentidos que nos permitem entender o mundo exterior. A verdade é que a ciência sempre se interessou mais por estudar a relação do ser humano com o exterior, pelo menos até há poucos anos. Acontece que vários investigadores entenderam que não podemos ter apenas cinco sentidos e começaram a estudar a influência que órgãos como o estômago têm no nosso cérebro e também a influência que o nosso comportamento, postura ou expressão facial têm. Com isto, concluíram que não temos cinco sentidos, mas sim sete, já reconhecidos pela neurociência moderna. O mais incrível é que, aparentemente, os cinco sentidos que sempre conhecemos são até os menos importantes.

A interocepção

Um dos novos sentidos que a ciência concluiu que temos é a interoceção. O que é isto? É a informação que chega ao cérebro sobre o que está a acontecer no nosso organismo, nos nossos órgãos, nomeadamente no intestino, no estômago, no coração. Melhor dizendo, é a perceção que temos de sensações internas como fome, sede, batimentos cardíacos ou dor no estômago. Este é, afinal, o nosso sentido mais importante, porque, de todas as coisas que acontecem, esta é aquela a que o cérebro vai dar mais importância. É a prioridade.

A proprioceção

Mas temos ainda outro sentido. A proprioceção é o sentido que nos permite sentir e saber onde estão as partes exteriores do nosso corpo sem precisarmos da visão. É a capacidade de sentir a posição, o movimento e a orientação do corpo no espaço sem precisarmos de o ver. Por exemplo, se pusermos uma mão atrás das costas e mexermos os dedos, como é que sei que estou a fazer isso se não a consigo ver? Isto acontece porque temos recetores sensoriais nos músculos e nas articulações, que detetam a posição em que o corpo se encontra e envia essa informação ao cérebro. Hoje, este é considerado por muitos cientistas o nosso segundo sentido mais importante.

Dito isto, desde há pouco tempo alguns investigadores defendem que este sentido poderá ser ainda mais poderoso. Vamos fazer um teste. Enquanto lês este texto, como está o teu corpo? Direito ou curvado? E o teu semblante, está relaxado ou estás a franzir a testa? Ao que tudo indica, a nossa postura e o nosso rosto não só enviam sinais ao cérebro, como ele responde a esses sinais. Ou seja, se fizeres uma expressão de raiva, o cérebro vai interpretar isso e vai ativar os mecanismos de raiva. Da mesma forma, quando o teu corpo está com uma postura cabisbaixa, o cérebro vai começar a ativar os mecanismos típicos da tristeza. Antes, acreditava-se que o cérebro recebia esta informação e era passivo, mas aparentemente não. De acordo com a informação que recebe, o cérebro age de uma determinada forma e ativa sensações condizentes com a nossa postura ou a nossa expressão.

O poder do rosto e do tronco

Mais curioso ainda: alguns investigadores acreditam que o cérebro dá mais importância a umas partes do corpo do que a outras. O rosto, as mãos e as costas (ou melhor, a curvatura do tronco) parecem ser as mais importantes. Mas, de todas, o rosto será mesmo aquela a que dedica mais atenção. Ora, todos sabemos que se estamos tristes, zangados ou felizes, o nosso rosto vai refletir isso, mas o contrário aparentemente também acontece. Se estou com uma expressão tranquila, o cérebro percebe que essa expressão é típica de tranquilidade, então ativa mecanismos de tranquilidade. Aliás, o cérebro procura sempre uma consonância entre mente e corpo. Então o que acontece se começarmos a sorrir quando estamos nervosos? O cérebro vai ficar confuso, mas vai tentar combinar o estado de espírito com a expressão do rosto. Olhemos agora para a nossa postura. Hoje, com os telemóveis, passamos muito tempo curvados a olhar para o ecrã. E estar curvado é algo característico da tristeza. O que parece acontecer é que o cérebro interpreta essa informação e ativa as sensações típicas da tristeza. Afinal, o nosso cérebro pode interagir com o corpo de muito mais formas do que se pensava anteriormente.

Catarina Silva