Justiça

Contradições voltam a marcar julgamento da morte de Odair Moniz

A sessão de julgamento terminou à hora de almoço e será retomada às 9.15 horas do dia 17 de dezembro. Foto: LUSA

As três testemunhas ouvidas esta segunda-feira, na terceira sessão do julgamento do polícia acusado de matar Odair Moniz, na Cova da Moura, Amadora, em outubro de 2024, foram unânimes em afirmar que a vítima não tinha nada nas mãos no momento em que foi alvejada.

Esta sessão, no Tribunal Central Criminal de Sintra, ficou, porém, marcada por algumas contradições nos depoimentos, tal como já tinha acontecido na anterior. As principais dúvidas levantam-se quando as testemunhas são confrontadas pelo advogado de defesa do agente sobre o que dizem agora e o que afirmaram no primeiro interrogatório, na Polícia Judiciária.

"Nunca vi o Odair com nenhum objeto nas mãos. Tenho a certeza, vi tudo da minha janela. Entre o primeiro e o segundo disparo, o Odair não tinha nada nas mãos", afirmou, esta segunda-feira, Nuno Baptista, de 43 anos, morador na Cova da Moura, o primeiro a ser ouvido pelo coletivo de juízes no Tribunal de Sintra.

Este foi um dos depoimentos que levantou algumas dúvidas ao tribunal, uma vez que viria a dizer posteriormente que viu tudo pelo "buraco do estore da sua varanda". Um pormenor que ganhou relevância quando afirmou depois que, mesmo a essa distância, conseguiu ver o local do corpo onde Odair foi atingido.

Uma afirmação que levou uma das juízas a comentar: "O senhor tão cedo não vai precisar de óculos ".

Stephanie Silva, 39 anos, doméstica e residente na rua Principal da Cova da Moura, a segunda testemunha a ser ouvida, corroborou o depoimentos anterior, no que toca a objetos eventualmente na posse de Odair. "Não vi a vítima com nenhum objeto nas mãos", garantiu perante o coletivo de juízes.

A mulher sublinhou, porém, que a vítima teria consigo objetos pessoais. "Acho que ele tinha duas bolsas. Um dos agentes tirou uma bolsa quando ele estava no chão. As bolsas estavam na cintura", adiantou.

O terceiro depoimento prestado esta segunda-feira foi protagonizado por Marco Brito, de 26 anos, também residente na rua Principal da Cova da Moura.

"Ouvi um barulho. Um estrondo com carros. Fui à janela e vi tudo pelos estores: vi o Odair tentar empurrar os agentes e foi quando o agente puxou da arma e disparou", afirmou.

Este foi outro caso de contradição entre o afirmado na audiência e o depoimento à Polícia Judiciária. Perante os juízes, o jovem afirmou que o disparo fatal terá sido "para a zona da cintura, talvez no abdómen", quando perante a PJ disse que o tiro foi disparado para as pernas.

A sessão de julgamento terminou à hora de almoço e será retomada às 9.15 horas do dia 17 de dezembro.

Paulo Lourenço