O objeto escolhido pelo realizador de séries como "Pôr do sol" e "FELP".
"O meu objeto são os livros. Assim, de chofre, é uma ideia pouco original. Mas especificamente estes dois livros são o espelho dos nossos dias e por isso agarro-me ainda mais a eles. Numa mão, o livro do Miguel Carvalho que é dum jornalismo e atenção em extinção. Devorei-o por uma razão simples, um livro assim é como um manual premonitório, de alarme e denúncia, como quem diz: "tenham atenção, não tomem nada por garantido". O relato da investigação do Miguel é urgente: que país queremos quando damos espaço a mentirosos, deturpadores e putativos ditadores assentes na vaidade?
Na outra mão, os "Cem anos de solidão". Um livro que é um mapa da memória, do amor, da luta, da resistência e do amor outra vez. Um objeto que por ser a raiz do pensamento e da paixão, acaba de ser proibido em várias escolas nos EUA. Fahrenheit 451? Alguém se lembra de Bradbury por estes dias? Um livro que é um aviso, outro que é silenciado por ser tão próximo do coração. Estão ligados, nas minhas mãos e na magia de serem livros. O meu objeto são os livros. Estes, hoje, e todos, pela liberdade, sempre."
Perfil
Manuel Pureza, de 41 anos, é argumentista, realizador e produtor. Realizou as séries "Pôr do sol", "Sempre" e "FELP". E estreou o filme de comédia "Pôr do sol: o mistério do colar de São Cajó", prequela da série, sobre as origens e segredos da família Bourbon de Linhaça.