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Ministro da Defesa israelita rejeita Estado palestiniano e diz que exército vai manter-se em Gaza

Israel controla, em princípio temporariamente, mais de metade de Gaza Foto: Jack Guez / AFP

O ministro da Defesa israelita afirmou hoje que "não haverá um Estado palestiniano" e que Israel manterá o controlo em Gaza, após outros ministros se manifestarem contra o apoio dos EUA a um projeto para a autodeterminação palestiniana.

"A política de Israel é clara. Não haverá Estado palestiniano", disse Israel Katz, num comunicado que também divulgou no seu perfil na rede social X.

"As Forças de Defesa de Israel [FDI] permanecerão no Monte Hermon e na zona de segurança [perto da Síria]. Gaza será desmilitarizada até ao último túnel, e o Hamas será desarmado na zona da Linha Amarela pelas FDI e na antiga Gaza, seja por uma força internacional ou pelas próprias FDI", acrescentou.

Israel controla, em princípio temporariamente, mais de metade de Gaza, depois de as suas tropas se terem deslocado parcialmente durante o atual cessar-fogo até à chamada Linha Amarela, que deixa sob domínio israelita tanto Rafah (sul) como cidades do norte do enclave e partes do leste.

Perto deste perímetro, Israel continuou a disparar e a matar habitantes de Gaza, apesar do cessar-fogo, nos casos em que considerou que se deslocaram de forma "suspeita" perto das suas forças.

Este comunicado de Katz surge depois de os ministros israelitas de extrema-direita Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich terem instado Netanyahu, no sábado, a rejeitar o apoio dos Estados Unidos a um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que oferece um caminho para a autodeterminação e a criação de um Estado palestiniano.

Os Estados Unidos expressaram o apoio a essa resolução num comunicado assinado juntamente com outros oito Estados: Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Indonésia, Paquistão, Jordânia e Turquia.

No território ocupado da Cisjordânia, o exército israelita matou na madrugada de hoje um adolescente palestiniano de 17 anos, durante uma incursão no campo de refugiados de Askar, a leste de Nablus, segundo um porta-voz da Meia Lua Vermelha, acrescentando que um outro rapaz ficou ferido com uma bala e foi transportado para um hospital.

Num comunicado militar israelita afirma-se que o rapaz tinha lançado um "artefacto explosivo" contra as tropas antes de ser abatido, uma acusação que o exército israelita faz regularmente, muitas vezes sem apresentar provas que as corroborem.

Um grande contingente militar invadiu na última noite a cidade de Nablus a partir de várias direções, causando confrontos no campo de Askar, detalhou a agência noticiosa palestiniana, Wafa.

Os soldados também se deslocaram para os bairros de Ras al-Ayn, Al-Basha e Cidade Velha, inicialmente sem efetuar detenções.

Com a morte deste menor, já são cerca de 50 os menores palestinianos mortos por fogo israelita em 2025, incluindo por colonos, no território ocupado da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, de acordo com dados do Ministério da Saúde e documentação da organização não-governamental Defense for Children International Palestine.

JN/Agências