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Venezuela tem 180 mulheres detidas por motivos políticos

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"Levantamos a nossa voz para denunciar a violência institucional que elas enfrentam (...) Unimo-nos para dar visibilidade a mais de 180 mulheres que estão detidas por motivos políticos na Venezuela, vítimas de detenções arbitrárias, de violência institucional, tratamento cruel e represálias por pensar de forma diferente", explica a Clippve na rede social X.

O Comité pela Liberdade dos Presos Políticos (Clippve) denunciou no domingo que mais de 180 mulheres estão detidas por motivos políticos da Venezuela, sendo ainda vítimas de maus-tratos, isolamento, falta de assistência médica e assédio.

A denúncia foi feita no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres - que se assinala na terça-feira - e no âmbito da campanha "Elas não estão sozinhas".

"Levantamos a nossa voz para denunciar a violência institucional que elas enfrentam (...) Unimo-nos para dar visibilidade a mais de 180 mulheres que estão detidas por motivos políticos na Venezuela, vítimas de detenções arbitrárias, de violência institucional, tratamento cruel e represálias por pensar de forma diferente", explica a Clippve na rede social X.

Na mesma rede social a Clippve nota que as mulheres estão detidas em condições de superlotação, sem o mínimo de dignidade, sem "acesso a cuidados ginecológicos nem a produtos para lidar com a menstruação".

"A sua saúde é violada todos os dias nas prisões venezuelanas. A violência também é isso. O Estado venezuelano continua a falhar às mulheres que vivem a injustiça da prisão e às que esperam lá fora", explica a Clippve, exigindo "respeito e liberdade".

Ainda na X, a Clippve sublinha que a "única culpa" das mulheres "tem sido pensar de forma distinta" e que "ser mulher e presa política na Venezuela significa estar ainda mais exposta a abusos, a negligência médica, escassez de água, desnutrição e violência institucional".

"As mães dos presos políticos também são vítimas: muitas denunciam que são obrigadas a despir-se antes das visitas, que são maltratadas e que veem recusados pacotes essenciais. A violência estende-se para além das paredes. Neste 25 de novembro, lembramos cada mulher que resiste numa cela injustamente, cada mãe humilhada num posto de controlo e cada família que espera por justiça", afirma.

O Clippve diz ainda que "falar de presos políticos é também falar de mulheres: ativistas, mães, estudantes, defensoras e cidadãs que hoje sofrem condições desumanas" e sublinha que continuará a denunciar o que acontece até que sejam libertadas.

"A violência contra as mulheres também é cometida pelo Estado: detenções arbitrárias, torturas, desaparecimentos forçados e negação de assistência médica. Lembramos que a violência institucional também atinge as idosas, as doentes, as cuidadoras, as que já carregam dores profundas", conclui.

Dados recentes, divulgados pela organização não-governamental Justiça, Encontro e Perdão (JEP), dão conta que na Venezuela estão detidas 1.080 pessoas por motivos políticos.

Entre os detidos, encontram-se 170 funcionários ativos de organismos de segurança do Estado, 11 ativistas, 224 representantes de organizações políticas, 35 antigos integrantes da segurança do Estado, 20 jornalistas e 14 sindicalistas.

"Há 145 pessoas das quais não se tem informação oficial sobre o seu paradeiro. Além disso, registamos 50 venezuelanos com dupla nacionalidade", especifica ainda a organização.

JN/Agências