Nacional

Gouveia e Melo denuncia candidaturas independentes que usam recursos partidários

"Se quiserem abrir o escrutínio completo, eu estou disponível. Senão, o escrutínio é aquilo que a lei exige", frisou Foto: Paulo Cunha/Lusa

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo questionou esta segunda-feira as candidaturas que se dizem apartidárias mas usam recursos de partidos para fazer campanha e prometeu fazer tudo para impedir que Portugal regresse a um regime ditatorial.

Na apresentação, em Lisboa, do livro "Gouveia e Melo: As razões" (Porto Editora), baseado numa entrevista feita pela jornalista Valentina Marcelo, Gouveia e Melo afirmou que "há candidaturas que dizem que não são partidárias, mas depois usam os outdoors todos do partido".

"Façam lá a pergunta, comecem lá a fazer as perguntas certas, porque é que só me perguntam a mim? Comecem a fazer as perguntas: então, se não tem o apoio do partido, como é que têm os outdoors do partido?", perguntou.

A partir dessa pergunta, prosseguiu Gouveia e Melo, há outras perguntas que se podem fazer a essas candidaturas que se dizem apartidárias, designadamente "porque é que anda com o carro do partido e com o motorista do partido, se não tem o apoio de partidos, se é tão independente, se entregou o cartão do partido".

Depois, Gouveia e Melo procurou diferenciar o que disse ser "o apoio ou uma indicação de voto" feita por dirigentes ou personalidades partidárias do "apoio da própria estrutura [partidária] de campanha", como por exemplo "usar bases de dados do partido para fazer "emails"".

"Mas então afinal porque é sou eu o escrutinado? Se quiserem abrir o escrutínio completo, eu estou disponível. Senão, o escrutínio é aquilo que a lei exige e eu tenho a certeza absoluta que estou a cumprir a lei porque sou absolutamente cuidadoso com isso", afirmou.

O candidato presidencial deixou estas perguntas depois de a jornalista Valentina Marcelino ter referido que Gouveia e Melo não é uma pessoa difícil de entrevistar, por ter um "pensamento tranquilo, organizado, sistematizado", salientando que, nalguns casos, tinha respostas "chapa cinco" preparadas, como por exemplo quando lhe perguntou quem é que financiava a sua campanha.

"Veio a resposta chapa cinco, que é as informações constarão do Tribunal Constitucional, conforme é obrigatório", recordou a jornalista, com Gouveia e Melo a pedir para se imaginar estar a expor "todas as pessoas que financiam uma campanha quando as campanhas decorrem".

"Não é bom nem para nós, nem para essas pessoas. Desde que se cumpra a lei, tenho de cumprir a lei e é isso que estou a fazer. Eu e espero que as outras campanhas também. Portanto, como não tenho dúvidas que os outros estejam a cumprir a lei, também não ponho essa questão aos outros", referiu.

No entanto, Gouveia e Melo salientou que se as diferentes candidaturas quiserem fazer um acordo e "mostrar tudo", ele também está disponível para "mostrar tudo".

"Mas isso é quando todos quiserem mostrar tudo", referiu.

Nesta apresentação, Gouveia e Melo recordou ainda uma visita que fez ao Museu Nacional da Resistência e Liberdade, na fortaleza de Peniche, antiga prisão do Estado Novo, salientando que ficou "muito impressionado" quando viu as células onde estiveram detidos presos políticos, como por exemplo Álvaro Cunhal.

"Há uma certeza que eu tiro daquilo: é que eu não quero que Portugal volte nunca mais a um sistema daqueles. Enquanto eu for vivo e puder lutar, farei tudo para que isso não aconteça", prometeu.

Mais à frente, questionado sobre a postura que adotaria perante um Governo do Chega, Gouveia e Melo disse respeitar a Constituição e, "se um partido mais à direita ou mais à esquerda for eleito e tiver condições para governar, governará".

"Agora, o que posso dizer é que, se der posse a um governo X ou Y, não me interessa, serei muito vigilante no que é o regular funcionamento das instituições democráticas e a defesa da democracia, porque é isso que o Presidente tem de fazer", disse.

Gouveia e Melo afirmou ainda acreditar que o que fez durante a pandemia de covid-19, quando coordenou o processo de vacinação, "pode ser replicado para uma escala maior", manifestando-se convicto de que irá conseguir "mobilizar o país para uma mudança".

"Não é contra ninguém, não é contra nenhuma fação, não sou contra nenhum partido. Não sou contra os partidos, mas sou pelo todo", disse.

JN/Agências