Negociadores dos EUA e da Rússia iniciaram na segunda-feira reuniões em Abu Dhabi sobre um acordo para terminar a guerra na Ucrânia, noticiaram esta terça-feira meios de comunicação social norte-americanos e britânicos.
As discussões decorrem enquanto Kiev e Moscovo disseram esta terça-feira ter sofrido ataques aéreos, com três mortos na região russa de Rostov e seis no lado ucraniano, cujo setor energético e a capital foram novamente visados.
Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, não confirmou nem desmentiu a realização das reuniões em Abu Dhabi.
"Não tenho nada para vos dizer. Estamos a acompanhar as informações dos meios de comunicação", declarou Peskov aos jornalistas dos "media" estatais, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
O canal de televisão norte-americano ABC News e o diário britânico Financial Times (FT), noticiaram que o secretário do Exército, Dan Driscoll, lidera a delegação dos EUA em Abu Dhabi.
O FT disse ainda, com base em duas fontes próximas das discussões, que o líder dos serviços de informações militares ucranianos (GUR), Kyrylo Budanov, participa nas negociações.
O diário referiu não poder precisar se se trata de discussões tripartidas ou de encontros separados.
Paralelamente, os países da Coligação de Voluntários, que reúne os aliados da Ucrânia, deverão retomar esta terça-feira as discussões por videoconferência sobre o plano norte-americano para acabar com a guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022.
O encontro de Abu Dhabi surge após um fim de semana de negociações em Genebra sobre o plano de 28 pontos do Presidente Donald Trump, entre ucranianos, norte-americanos e europeus.
Segundo o FT e a ABC, as discussões incidem agora sobre um plano de 19 pontos.
A ABC disse que, entre os pontos eliminados, figuram a futura dimensão do exército ucraniano e a amnistia de princípio concedida às partes em conflito.
Trump pareceu regozijar-se na segunda-feira com o resultado do encontro em Genebra.
"Será realmente possível que grandes progressos estejam a ser feitos nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia? Acreditem apenas no que veem, mas algo de bom poderá muito bem acontecer", escreveu nas redes sociais.
Em Genebra, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, tinha-se manifestado "muito otimista" sobre a possibilidade de concluir "muito rapidamente" um acordo sobre a Ucrânia.
"Os pontos que permanecem em aberto não são intransponíveis", afirmou sobre as conversações de domingo.
O negociador ucraniano Andrii Yermak, "braço direito" do Presidente ucraniano, também se referiu a "muito bons progressos", depois de Volodymyr Zelensky ter indicado que a nova versão do plano norte-americano refletia "já a maioria das prioridades-chave" de Kiev.
Durante um contacto telefónico na segunda-feira entre Vladimir Putin e o homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, o líder russo reiterou que o plano inicial dos EUA poderia "servir de base a um acordo de paz final".
Trump disse anteriormente que queria que Zelensky assinasse o acordo de paz até quinta-feira, Dia de Ação de Graças nos EUA.
Já esta terça-feira, o principal negociador ucraniano, Rustem Umerov, admitiu uma deslocação de Zelensky aos EUA ainda em novembro, mês que termina no domingo, para conversações sobre o plano.
"Ansiamos por organizar a visita do Presidente da Ucrânia aos EUA o quanto antes, em novembro, para finalizar as etapas restantes e alcançar um acordo com o Presidente Trump", escreveu Umerov nas redes sociais.