Israel anunciou, esta terça-feira, que militantes palestinianos entregaram à Cruz Vermelha restos mortais que são possivelmente de um refém mantido na Faixa de Gaza, que serão agora encaminhados para o Exército para testes forenses e identificação.
Não ficou imediatamente claro se os restos mortais eram de um dos três reféns que permanecem no enclave palestiniano.
A entrega insere-se no âmbito do cessar-fogo entre Israel e o grupo radical palestiniano Hamas em vigor desde 10 de outubro, que sido mantido apesar dos ataques israelitas no enclave, do aumento do número de vítimas palestinianas e das acusações mútuas de violações da trégua.
No início desta semana, a Jihad Islâmica Palestiniana afirmou ter localizado o corpo em Nuseirat, um campo de refugiados no centro de Gaza, enquanto o Hamas referiu posteriormente que a entrega ao Comité Internacional da Cruz Vermelha iria ocorrer hoje à tarde.
Desde o início do cessar-fogo impulsionado pelos Estados Unidos, foram devolvidos 20 reféns vivos e os corpos de 25 reféns, permanecendo três em paradeiro incerto, segundo as autoridades israelitas.
O Hamas insiste que muitos corpos continuam soterrados nos escombros provocados pela ofensiva israelita em Gaza que durou dois anos, enquanto Israel acusa os militantes de atrasarem deliberadamente as devoluções e admite retomar operações militares ou restringir ajuda humanitária caso o processo não seja concluído.
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerou que os atrasos constituem uma violação do cessar-fogo.
Israel devolveu os corpos de 330 palestinianos desde que o cessar-fogo entrou em vigor.
As autoridades de Gaza admitiram dificuldades na identificação dos corpos devido à falta de 'kits' de ADN, tendo sido confirmadas apenas 95 identidades, segundo o Ministério da Saúde local, tutelado pelo Hamas.
Entretanto, famílias em Gaza continuam a enfrentar graves condições humanitárias agravadas por chuvas intensas que voltaram a desalojar milhares de pessoas, numa altura em que a ajuda chega lentamente ao território.
A ONU alertou para a persistente escassez de alimentos e bens essenciais, instando Israel a aliviar as restrições.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel provocou mais de 69 mil mortos e cerca de 170 mil feridos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera credíveis.
Nas últimas 24 horas, três palestinianos foram mortos a leste de Khan Yunis e outros 14 corpos foram retirados dos escombros, elevando para 345 o número de mortos desde a entrada em vigor do cessar-fogo.