Universidade do Minho quer desenvolver, até 2028, um exoesqueleto que alia tecnologia robótica, IA, sensores e têxteis inteligentes.
Um exoesqueleto personalizado e intuitivo, capaz de integrar tecnologia vestível e inteligência artificial, que contribua para promover a mobilidade em contexto laboral ou doméstico, facilitando a realização de tarefas que exigem grande esforço e evitando lesões. É nesta ideia que Cristina Peixoto Santos, coordenadora do BIRDLab, o laboratório de dispositivos robóticos biomédicos da Universidade do Minho, e os investigadores Joana Figueiredo e Ricardo Andrade, centram, por estes dias, as suas atenções. A expectativa é desenvolver uma peça de vestuário semelhante a umas calças, que seja não só funcionais, mas também confortáveis, e validá-las em testes de laboratório até ao final de 2028.
O projeto, explica Cristina Peixoto Santos, quer levar mais além o trabalho anteriormente desenvolvido na área da robótica vestível. O uso dos equipamentos já existentes - que pretendem transferir força gerada por si para ajudar o utilizador em algumas tarefas - apresenta alguns problemas, pois geralmente "têm motores externos que são pesados e limitam o uso, tornando-os desadequados para utilizações prolongadas, seja em contexto laboral ou domiciliário". Além disso, "muitos dos exoesqueletos que existem não fazem uma assistência personalizada", o que é importante para que sejam bem aceites e respondam efetivamente às necessidades.
O novo sistema deverá, por isso, juntar tecnologia robótica, inteligência artificial e sensores com materiais têxteis inteligentes (como os SMA - Shape Memory Alloy), criando uma peça de roupa confortável com capacidade para interpretar quais são as necessidades do utilizador e dar uma assistência adequada, gerando força que auxilie em determinadas ações. Os investigadores vão dar primazia aos membros inferiores e costas, pelo que a primeira peça de vestuário a desenvolver será umas calças com apoio na zona lombar, que tornem mais fácil realizar tarefas como, por exemplo, carregar cargas (algo que provoca stress do sistema musculoesquelético e pode causar lesões), subir e descer escadas ou ultrapassar declives.
O desenvolvimento do projeto será possível graças a dois financiamentos da Fundação para a Ciência e Tecnologia e um do Compete 2030 (que inclui a empresa LMA, uma referência nos têxteis técnicos), na ordem dos 600 mil euros.