Vários serviços de Finanças estão esta quinta-feira encerrados em todo o país devido à forte adesão à greve convocada pelas centrais sindicais. Embora não tenha apresentado pré-aviso, o Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) admite que a paralisação está a ter "impacto significativo" na Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)
Gonçalo Rodrigues, presidente do STI, esclarece que o sindicato não aderiu formalmente ao pré-aviso nacional, mas decidiu apoiar a greve e incentivar os trabalhadores a participar. "Apoiámos a greve e fizemos um comunicado a apoiar. Os colegas têm todas as razões para fazer greve", afirma. A decisão de não assinar o pré-aviso, explica, deveu-se à ausência de qualquer contacto das centrais sindicais: "Não houve diálogo connosco."
Segundo o dirigente, o impacto é visível sobretudo nos serviços de Finanças, onde "há muitos balcões fechados", com informação a chegar em tempo real. "A adesão tem sido grande e transversal ao país", confirma.
O descontentamento no setor tem vindo a crescer depois de o Governo ter recuado na promessa de abrir, em abril, uma mesa negocial destinada a resolver problemas acumulados desde 2019. O decreto-lei das carreiras, aprovado há cinco anos, prevê vários regulamentos ainda por publicar, entre eles o das transferências internas - um instrumento que sempre existiu na AT e que agora está por definir. "Fomos enganados", diz Gonçalo Rodrigues, lamentando que o executivo tenha garantido disponibilidade para negociar e, "duas semanas antes da greve", comunicado que afinal não iria avançar.
"Não aceitamos estar parados"
O sindicalista sublinha que as reivindicações não se prendem apenas com salários. "Não estamos a pedir mundos e fundos. Queremos que os regulamentos saiam. Queremos que as coisas avancem, mesmo devagar." Para Gonçalo Rodrigues, o problema central é a ausência total de progressos: "O que não aceitamos é estar parados. E é isso que está a acontecer."
O pacote laboral em discussão é outro motivo de apreensão. Embora o impacto imediato seja menor para quem tem vínculo de nomeação, o presidente do STI alerta para o efeito acumulado: "Sabemos como isto funciona. Hoje é para uns, amanhã é para os outros."
Apesar de apoiar a paralisação, o STI reconhece fricções com as centrais sindicais. "Fizeram connosco aquilo que não gostam que o Governo lhes faça", afirma, lembrando que as reivindicações das carreiras inspetivas não foram consideradas na plataforma nacional.