Justiça

Homicida de Oliveira do Bairro encontrado morto na cela da cadeia

Jair Pereira, suspeito do homicídio de São Figueiredo, foi encontrado morto na cadeia anexa à PJ Foto: DR

Jair Pereira, o homem de 55 anos que foi acusado este mês pelo Ministério Público de, em maio, ter assassinado Conceição Figueiredo, de 69 anos, em Oliveira do Bairro, foi encontrado morto esta quinta-feira de manhã no estabelecimento prisional instalado junto à Polícia Judiciária do Porto, onde estava preso preventivamente a aguardar julgamento. Não há, ao que tudo indica, suspeitas da intervenção de terceiros na sua morte.

O JN sabe que o recluso foi detetado inanimado na sua cela individual por elementos da vigilância, num cenário que indicia um ato suicida. Foi chamado o enfermeiro de serviço e ativado o INEM que veio a confirmar o óbito. Como habitual, a PJ foi acionada e o corpo encaminhado para o Instituto Nacional de Medicina Legal para autópsia.

O JN sabe ainda que o recluso foi, esta semana, a várias consultas preparatórias para uma intervenção cirúrgica que iria ter lugar hoje no Hospital de Aveiro. De manhã, por volta das oito horas, ainda conversou com os elementos da vigilância, mas quando os guardas prisionais retornaram à cela, para o levar à unidade hospitalar, depararam-se com Jair sem vida.

Arguido foi acusado este mês

Os crimes pelos quais Jair Pereira foi acusado no início de dezembro (homicídio qualificado, profanação de cadáver, violência doméstica e incêndio) ocorreram em maio. No final da tarde de dia 18, em Oliveira do Bairro, Jair e Conceição Figueiredo foram vistos a sair de uma danceteria e, depois, a lanchar numa padaria.

Segundo a acusação do Ministério Público, Jair levou São, com quem manteve uma relação amorosa no passado, para um local ermo. Aí, por motivos passionais, terá esfaqueado a vítima, pelo menos, por 11 vezes no tórax e nas costas, causando-lhe a morte.

Para encobrir o crime e fazer crer aos familiares que a vítima ainda se encontrava viva, abandonou o cadáver num local isolado e de difícil acesso. A seguir, foi a casa deixar o carro na garagem e depois fugiu.

Quatro dias depois, regressou à garagem e ateou fogo à lenha ali existente para destruir provas que o pudessem incriminar, "ciente de que tal incêndio poderia não apenas destruir a garagem, mas também propagar-se a outras dependências da residência, aos bens ali existentes e à vegetação próxima, colocando em perigo habitações, bens e pessoas nas imediações", aponta uma nota da Procuradoria-Geral Distrital do Porto, divulgada esta semana.

Os familiares de São deram alerta para o seu desaparecimento. Suspeitavam de que teria sido raptada pelo ex-namorado que não aceitava o fim da relação. Nos dias seguintes, Jair terá telefonado a amigos a quem confessou o crime e a uma delas até terá dado as coordenadas do local do cadáver.

A PJ viria a encontrar o corpo de São duas semanas depois do seu desaparecimento numa zona de mato, perto de Avelãs de Cima, Anadia. Segundo apurou o JN, Jair conhecia aquela zona por ter ali trabalhado na extração de areias.

Após 20 dias de fuga, Jair seria detido a 7 de junho, perto da sua casa. Estaria escondido na casa de uma emigrante no Cercal. Esta regressou inesperadamente a casa e surpreendeu o fugitivo. Jair ainda tentou escapar pelas traseiras, mas foi travado pela GNR. Jair não ofereceu resistência. Foi detido e ficou em prisão preventiva.

Precisa de ajuda?

Se tem sintomas de depressão ou tem pensamentos de suicídio, utilize o Serviço de Aconselhamento Psicológico, integrado na linha telefónica do SNS 24, através do 808 24 24 24.

César Castro