O momento captado pela 'Kiss Cam' em pleno coberto dos Coldplay não teve o mesmo impacto na responsável de recursos humanos Kristin Cabot e no chefe Andy Byron. "Como mulher, como sempre acontece com as mulheres, recebi a maior parte dos ataques". Kristin Cabot fala pela primeira vez sobre o vídeo que correu mundo e revela como aqueles 16 segundos geraram ataques de todos os quadrantes, a ira dos filhos e uma luta para voltar a ter emprego.
Bastaram 16 segundos, uma imagem de cumplicidade e vergonha, um vídeo que correu mundo e nunca mais a vida foi a mesma para Kristin Cabot ou Andy Byron. Contudo, com impactos exacerbados por ser mulher. Os colegas de trabalho, recorde-se, foram flagrados em pleno concerto dos Coldplay, levantando suspeitas de uma relação extraconjugal entre a então responsável de Recursos Humanos (RH) e o então CEO e que tinha começado e acontecia no trabalho.
Ambos saíram da empresa Astronomer na sequência deste caso, em julho, após o concerto em Foxborough, Massachusetts,. Porém, Kristin Cabot revela o pesadelo que tem vivido desde julho e diz mesmo ter estado sob especial ataque exatamente por ser mulher. "Como mulher, como sempre acontece com as mulheres, recebi a maior parte dos ataques". As pessoas diziam coisas como "oportunista" ou que "subi na horizontal", o que não poderia estar mais longe da realidade. Trabalhei a vida inteira para me afastar essa imagem e, de repente, estava a ser acusada precisamente por isso", declarou a ex-responsável de Recursos Humanos em entrevista à The Times.
"Transformei-me num meme, fui a responsável de RH mais difamada da história do RH", recordou. Mas os efeitos não se ficaram por aqui: foi ridicularizada por anónimos e famosos como "adúltera", diz ter recebido mais de 60 ameaças de morte e tem não mãos a "raiva dos filhos" e o peso de ser em trabalho e de ter ouvido que era "inempregável" depois do que aconteceu. "Isto não acabou para mim, e não acabou para os meus dois filhos. O assédio nunca terminou", revelou, especificando que eles sentem vergonha quando a mãe os vais buscar à escola ou assistir a jogos desportivos. "Eles estão com raiva de mim. E podem ficar com raiva de mim para o resto da vida, tenho de aceitar."
Na mesma entrevista, Cabot diz ter "tomado uma decisão má". "Bebi alguns High Noons, dancei e agi de forma inadequada com o meu chefe", acrescentou, considerando que ao assumir a responsabilidade "abriu mão da carreira por isso". Ao The Times, Cabot reitera que não mantinha um relacionamento sexual com Andy Byron e que nunca tinha havido qualquer beijo antes daquela noite, que acabou por correr mundo. Agora, a responsável quebra o silêncio numa tentativa de denunciar e por ter a "um assédio" que nunca mais acaba.