Corpo do artigo
** Por Marta Duarte (texto) e Vasco Célio (fotos), da agência Lusa **
Faro, 23 Mar (Lusa) - Conhece clientes pelo nome, dá informações sobre os produtos e se for preciso também pega numa vassoura. Avelino Apolónia conseguiu transformar um minimercado que abriu há 25 anos no supermercado mais "gourmet" do Algarve.
Enquanto se move pelos corredores do supermercado que ganhou o seu apelido, em Almancil, é interpelado inúmeras vezes por quem ali faz compras, seja apenas para dar os bons dias ou para pedir informações sobre produtos.
"Continuo a ir ao mercado, a ensacar mercadoria, arrumar uma prateleira e a pegar numa vassoura, se for preciso", diz Avelino Apolónia, 65 anos, fundador de um dos mais luxuosos supermercados do Algarve.
De um pequeno minimercado construído num terreno onde estava uma casa da família, ergueu-se um dos mais conhecidos supermercados da região, marca que vai este Verão expandir-se para Albufeira.
Localizado numa zona turística, são principalmente os turistas ou estrangeiros residentes na região que ali fazem compras, embora os portugueses também já se tenham começado a render às delícias do mundo "gourmet".
Dispondo de todos os produtos "normais" de um qualquer supermercado, o "Apolónia" distingue-se pelos produtos mais requintados e difíceis de encontrar, seja frutos e vegetais exóticos, molhos ou vinhos.
O produto mais caro que lá se pode encontrar é uma garrafa de champanhe de 475 euros, logo seguida de um caviar do Irão, vendido a 469 euros por cada 100 gramas, havendo ainda frutas exóticas a 20 euros o quilo.
A zona das frutas e legumes é mesmo uma das mais atractivas de todo o supermercado, com frutos de nomes difíceis de pronunciar vindos de Israel, Tailândia e Colômbia e onde até se encontram flores comestíveis.
Em vez de minimercado, o "Apolónia" era para ter sido um "snack-bar", não fosse a insistência da mulher de Avelino, que se recusava a trabalhar num café com receio de ter que aturar confusões, conta o fundador do espaço.
Quando começou a funcionar, havia apenas três empregados: pai, mãe e filho mais velho, na altura com 15 anos. Hoje o "Apolónia" tem 150 trabalhadores e prepara-se para abrir a sua segunda loja, na Galé, Albufeira.
Na calha estão mais duas lojas para o Algarve e outra para a zona de Cascais, numa política de expansão que demorou 25 anos a ser incubada, já que a família Apolónia gosta de "fazer as coisas com os pés bem assentes no chão".
"Temos pessoas de todos os lados a perguntarem-nos quando é que abrimos mais lojas", revela Avelino, cuja experiência na área "gourmet" se deve a mais de uma dezena de anos a viver no Canadá.
Quando emigrou para aquele país, aos 21 anos, fez um pouco de tudo e acabou por ir parar à restauração, onde tomou contacto com uma panóplia de produtos que não existiam em Portugal na altura.
Na hora de regressar, já pensava em abrir um negócio e quando a família optou por um supermercado começou a contactar fornecedores de produtos importados para vender na loja.
Em 1983 praticamente não se vendiam nos supermercados do Algarve molhos para saladas, especiarias importadas, salmão fumado ou queijo para barrar e Avelino Apolónia decidiu apostar nesses produtos.
Hoje, um dos seus maiores desejos é que a empresa se mantenha na família e não chegue a cair nas mãos de outros investidores, para que não se perca a filosofia que marcou a diferença.
"Um dos segredos do nosso sucesso é a proximidade com o cliente e não queremos que isso se perca", conclui Avelino Apolónia, com uma humildade que parece não ter sido beliscada pela ascensão do negócio.
Lusa/Fim