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A trajectória de toda uma vida contada na primeira pessoa e com recurso a imagens de televisão. Chico Buarque é o protagonista da série de três documentários, realizada para televisão, que vai ser emitida entre os dias 26 do corrente e 7 de Fevereiro, no canal por cabo brasileiro Directv. Este é um trabalho feito com a interessante particularidade de ser produzido ao abrigo de uma lei que permite que as televisões não paguem os 11% de imposto regulamentar para a importação de conteúdos, caso invistam 3% desta verba em produções nacionais. Medida inovadora, que poderia ser bem acolhida pelos canais e produtoras portuguesas. O primeiro dos episódios, intitulado "Meu caro amigo", que vai contar a carreira do músico, conta com espectáculos, entrevistas e reportagens do arquivo da TV Bandeirantes. Neste, Chico fala dos seus parceiros musicais e da relação com a sua cidade natal, o Rio de Janeiro, apesar de ali ter passado pouco tempo da sua infância e juventude vivida em S. Paulo e Roma. Por isso sempre afirmou não se sentir um "carioca de gema". Nos restantes episódios, chamados "À flor da pele" e "Vai passar" são retratadas, respectivamente, a mulher na obra de Chico e a sua actuação nos campos social e político. Contrariamente ao primeiro programa, estes situam-se não no Brasil, mas nas cidades europeias Paris e Roma, fundamentais para o percurso do músico. Para cantar, tocar e falar é certa a participação nos documentários de alguns dos parceiros de caminhada de Chico Buarque, entre os quais se contam nomes como Elis Regina, Vinicius de Moraes, Toquinho, Tom Jobim, Edu Lobo ou Miúcha. Entre muitas das particularidades destes trabalhos produzidos para televisão está a inclusão de uma música inédita de Chico Buarque que acabou de ser composta há pouco mais de uma semana. A canção intitulada "Renata Maria" conta o momento em que uma bela jovem foi vista a sair do mar e como toda a paisagem se paralisou.